O aplicativo de mensagens instantâneas WhatsApp anunciou na quinta-feira (25) uma grande mudança nos termos de uso e na política de privacidade do serviço. Pela primeira vez, a companhia vai permitir que a plataforma seja usada oficialmente por empresas, o primeiro passo para a que o aplicativo – comprado pelo Facebook em fevereiro de 2014, por US$ 21,8 bilhões – se torne rentável.
Atualmente, o serviço não gera receita, pois deixou de cobrar assinatura anual de US$ 1 dos usuários em janeiro deste ano e opta por não exibir publicidade. Nos próximos meses, porém, o app vai começar a testar uma nova modalidade corporativa do serviço, que vai transformar o WhatsApp num “mediador” para conversas entre empresas e consumidores.
“Nós precisávamos alterar os termos de uso antes”, disse o diretor de comunicação global do aplicativo, Matt Steinfield, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. “Porque, até agora, não permitíamos que as empresas usassem o serviço oficialmente.”
O WhatsApp tem mais de 1 bilhão de usuários no mundo, sendo mais de 100 milhões no Brasil. Por aqui, muitas empresas e profissionais liberais já usam o serviço para fazer negócios. Por contrariarem os termos de uso, porém, alguns desses empreendedores acabavam bloqueados pelo aplicativo de mensagens instantâneas.
No texto dos novos termos de uso, que passou a valer quinta, a empresa dá algumas dicas de que vai adotar estratégia similar à do aplicativo Facebook Messenger: em vez de as empresas enviarem propaganda, elas poderão usar a ferramenta para compartilhar alertas sobre entrega de pedidos, informações do status de voos ou recibos de produtos que um cliente já adquiriu.
As informações poderão ser enviadas não por humanos, mas por robôs virtuais que vão se comunicar com os consumidores numa conversa informal.
“Esse é o primeiro passo para o Facebook monetizar o grande investimento que fez no WhatsApp”, disse o vice-presidente da consultoria Forrester, Thomas Russon.
Privacidade
O uso do WhatsApp por empresas, porém, não é a única estratégia do Facebook para gerar receita com o app. Os novos termos de uso também mudam a forma como o WhatsApp colabora com a rede social: agora, o aplicativo vai compartilhar dados cadastrais dos usuários do serviço – que incluem o número do celular, além do número de identificação, sistema operacional e resolução de tela do dispositivo usado para acessar o serviço.
Com a integração, o Facebook poderá associar um usuário do WhatsApp ao perfil equivalente na rede social. Isso vai ajudar o Facebook a sugerir amigos e também a direcionar de forma mais precisa os anúncios mostrados na rede social. “Com o cruzamento de informações dos dois serviços, é possível criar um banco de dados poderoso”, disse o coordenador de projetos do Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS-Rio), Marco Konopacki.