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Wilkes vai discutir plano de fusão Pão de Açúcar-Carrefour

Os acionistas da holding Wilkes, que controla o Grupo Pão de Açúcar, irão se reunir em 2 de agosto para discutir a proposta de fusão da companhia com as operações do francês Carrefour no Brasil, de acordo com comunicado na segunda-feira.

A Wilkes é controlada igualmente pelo grupo francês Casino Guichard Perrachon e pela família do empresário Abilio Diniz, que concordou em convocar a reunião em agosto para dar "tempo suficiente para os conselheiros analisarem a proposta", segundo comunicado.

O presidente-executivo do Casino, Jean-Charles Naouri, se reuniu no início da noite de segunda-feira com o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, para tratar do plano, mas não foi divulgado o conteúdo da conversa.

Na terça-feira passada, foi revelada uma proposta orquestrada por Diniz --com apoio do BNDES-- para unir o Pão de Açúcar à unidade brasileira do Carrefour.

A operação irritou o Casino, concorrente do Carrefour na França e hoje principal sócio de Diniz no Pão de Açúcar.

Pelo acordo de acionistas da Wilkes, o Casino teria o direito de assumir uma participação majoritária no capital votante da varejista brasileira em 2012. Além disso, precisaria ser informado sobre a prospecção de novos negócios, o que alega não ter acontecido no caso da aliança proposta com o Carrefour no Brasil.

Diniz e Casino trocaram farpas nas últimas semanas depois que a imprensa noticiou a aproximação do empresário brasileiro ao Carrefour. O Casino já fez dois pedidos de arbitragem internacional contra Diniz por se sentir traído.

A união de Pão de Açúcar e Carrefour no Brasil criaria um grupo com cerca de 27 por cento do varejo nacional.

Diante do impasse envolvendo os sócios do Pão de Açúcar, o BNDES --que enquadrou crédito de 3,9 bilhões de reais para a fusão com o Carrefour no Brasil-- disse na semana passada que tem como premissa que a oferta não é hostil e que "confia no entendimento entre as partes envolvidas".

Mesmo integrantes do governo brasileiro, que inicialmente saíram em defesa da fusão, passaram a adotar um discurso mais cauteloso devido ao imbróglio entre Diniz e Casino.

Depois de ter afirmado em 29 de junho que o negócio tinha "importância estratégica para o Brasil", o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, disse na segunda-feira que o governo não vai participar das negociações entre Pão de Açúcar, Carrefour e Casino.

"Nesse momento tem negociações em curso entre grupos privados, o governo tem que ficar, agora, de fora, aguardando a solução natural dos negócios", comentou o ministro em Minas Gerais.

Questionado sobre a participação do BNDES na fusão, Pimentel afirmou apenas que o banco "tem autonomia para fazer ou não essa operação".

Mais tarde, ele afirmou por telefone à Reuters que "se houver acordo com todo mundo, se todos estiverem acomodados e confortáveis com o novo arranjo, sem dúvida vale a pena o banco participar."

"Se não for nessas condições, não vale a pena entrar em um negócio muito polêmico. Não haveria motivos", acrescentou.

Também nesta segunda, o Conselho do Carrefour manifestou apoio à fusão de seus ativos no Brasil com os do Grupo Pão de Açúcar, que criaria uma empresa com vendas anuais acima de 43 bilhões de dólares. O Casino, enquanto isso, reafirmou em Paris que a fusão no Brasil depende de seu consentimento.

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