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XP espera há dois anos por aval do Banco Central para ter seu próprio banco

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(Foto: Divulgação/)

Desde 2016, a XP Investimentos aguarda a autorização do Banco Central para, então, criar seu próprio banco. O pedido foi feito ao órgão regulador em maio daquele ano, e recentemente o assunto voltou à tona com a aprovação do acordo entra a corretora e o Itaú Unibanco, na última sexta-feira (10).

A ideia, segundo a XP, não é virar um banco tradicional e a corretora deve seguir como seu core business. O novo banco seria voltado para a concessão de crédito a clientes com investimentos custodiados na XP, como forma de garantia. “O foco é dar crédito mais barato, fazendo com que os clientes possam se beneficiar ao ter acesso a isso sem precisar desinvestir o capital aplicado na XP”, explicou a empresa. Deverá ser possível ser cliente do banco mesmo não tendo investimentos na XP, mas a corretora acredita que, neste primeiro momento, não faria muito sentido, uma vez que toda a lógica do banco deve girar em torno da plataforma aberta.

Ao Valor, Guilherme Benchimol, CEO da XP, contou que os planos, no entanto, podem ir além do crédito aos clientes e que, a longo prazo, o banco pode vir a oferecer conta corrente e cartão de crédito. A ideia do executivo é que a nova instituição já comece a operar em 2018, mas a empresa informou que, como ainda não tem a autorização do BC, não é possível assegurar que isso aconteça ainda neste ano.

A XP também confirmou os planos de ter uma seguradora para oferecer produtos próprios de previdência.

Diversificar o leque de serviços e produtos oferecidos pela empresa pode ser uma das saídas para não ficar para trás com o acordo aprovado pelo BC, que proíbe a XP de adquirir controle ou participação em corretoras, distribuidoras ou plataformas abertas pelos próximos oito anos. Esta foi uma das limitações impostas pelo BC em um Acordo em Controle de Concentração (ACC), assinado com a XP e o Itaú.

Em julho de 2014, a XP adquiriu a Clear Corretora, mirando nos traders, por R$ 90 milhões. Mais tarde, em dezembro de 2016, comprou 100% do capital da Rico Corretora, visando atender clientes com menor poder de investimento.

Atualmente, o Grupo XP possui mais de 550 mil clientes ativos e mais de R$ 133 bilhões sob custódia, sendo que R$ 120 bilhões destes estão apenas na XP Investimento. Juntas, as três marcas têm captação mensal de cerca de R$ 6,5 bilhões. Ao Valor, Benchimol informou que a XP Investimento prevê atingir a receita de R$ 3 bilhões e um lucro líquido de R$ 650 milhões em 2018.

Acordo com Itaú foi autorizado com uma série de restrições

O Banco Central impôs uma série de restrições à operação entre o Itaú e a XP Investimentos, para assim viabilizar o investimento do banco na XP preservando a independência da corretora.

Pelo ACC, o Itaú adquire 30,1% do capital votante da XP, que, somados às ações preferenciais (não votantes), resultam em 49,9% do capital total da corretora. Para 2022, será possível o Itaú adquirir mais 12,5% do capital total da XP, compra que se ocorrer deverá ser submetida à nova aprovação do Banco Central. Se autorizada, o Itaú passará ter 40% do capital votante da corretora.

O Itáu também não terá acesso à base de clientes da XP, nem poderá exercer influência na XP, ficando impedido de, inclusive, indicar diretores para as áreas financeira e de operações da empresa.

O ACC tem validade de 15 anos para as medidas destinadas a preservar a independência da XP e a impedir o acesso à base de seus clientes e de 8 anos para as demais restrições. Em caso de descumprimento integral, o Itaú Unibanco pagará multa de R$ 2 bilhões e a XP de R$ 500 milhões. Há também multas específicas para cada uma das restrições, com possibilidade de 50% de acréscimo nos valores em caso de reincidência.

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