A XP Investimentos, maior corretora independente do país, recebeu autorização do Banco Central para iniciar a criação de um banco. O pedido foi feito ainda em maio de 2016. A expectativa é de que o processo seja concluído no segundo semestre de 2019, quando o banco deve começar a prestar serviços. A empresa, no entanto, não demonstra interesse em serviços tradicionais, mas em alavancar e diversificar os serviços relacionados à sua atuação principal: investimentos.
Depois de estruturar o banco, a XP precisará ainda de um novo aval do BC, que é a licença de operação. O banco da XP será voltado a clientes da corretora, que terão acesso a empréstimo com garantia em investimentos. A ideia é permitir que, em situações de emergência, o investidor não precise se desfazer de ativos.
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Outro produto será a antecipação de resgate de investimentos sem liquidez. Se o investidor quiser sair de um CDB que tem prazo de quatro anos com apenas um ano, ele poderá solicitar a antecipação, em um sistema semelhante ao que fazem lojistas e as compras com cartão de crédito.
Produtos tradicionais de bancos de varejo, como conta-corrente e cartão de crédito, não estão totalmente fora do radar, mas devem ficar para o futuro, segundo uma fonte a par do assunto. Taxas de juros e condições para os serviços ainda não foram divulgadas.
Ainda não há detalhes de quanto deve ser investido no projeto e nem quem deve presidir o banco. O comando da nova instituição não deve, porém, ficar com Guilherme Benchimol, fundador e presidente da XP.
Benchimol planejava ter um banco de varejo ligado à corretora pelo menos desde 2013. O projeto não saiu do papel porque poderia atrapalhar a abertura de capital da empresa, o que voltou ao radar neste ano, após a aquisição de fatia minoritária pelo Itaú.
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Apesar da venda, fundos de private equity ainda têm participação na corretora e procuram o caminho de saída, o que poderia ser feito pela venda de ações em Bolsa. O plano é a listagem na Nasdaq, a mesma escolhida pela empresa de maquininhas de cartão Stone neste ano.
Diversificar o leque de serviços e produtos oferecidos pela empresa pode ser uma das saídas para não ficar para trás com o acordo aprovado pelo BC, que proíbe a XP de adquirir controle ou participação em corretoras, distribuidoras ou plataformas abertas pelos próximos oito anos. Esta foi uma das limitações impostas pelo BC em um Acordo em Controle de Concentração (ACC), assinado com a XP e o Itaú.
Em julho de 2014, a XP adquiriu a Clear Corretora, mirando nos traders, por R$ 90 milhões. Mais tarde, em dezembro de 2016, comprou 100% do capital da Rico Corretora, visando atender clientes com menor poder de investimento.
Procurada, a XP não quis comentar. O Banco Central também não emitiu comunicado sobre a autorização.