A zona do euro se prepara para defender o euro diante da eventual saída da Grécia da moeda única, sem descartar dar assistência técnica se desde a segunda-feira houver uma saída maciça de capitais dos bancos gregos.

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Os olhares estão postos na reunião deste domingo do Conselho do Banco Central Europeu (BCE), que decidirá entre manter ou não o fornecimento urgente de liquidez para Atenas, o que permitiria aos seus bancos pedir, com autorização dessa instituição, empréstimos de emergência ao Banco da Grécia.

O fracasso das negociações de sábado em Bruxelas fez com que a possibilidade de a saída da Grécia do euro estivesse mais perto do que nunca, e com isso as temidas turbulências dos mercados que, embora de curto prazo, arrastariam o sistema financeiro europeu para um novo drama.

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Para alguns dos sócios da zona do euro, a saída da Grécia do euro já é admitida como próxima. Assim, o primeiro-ministro da França, Manuel Valls, disse hoje que “o risco é real”, enquanto o ministro de Finanças da Áustria, Hans Jörg Schelling, considerou que essa saída “parece agora inevitável”.

Para enfrentar uma situação assim, que arrisca o projeto político e econômico que é o euro, os países da zona do euro estão agora mais bem preparados do que há cinco anos, quando começou a crise financeira internacional, disse o presidente do Eurogrupo, o holandês Jeroen Dijsselbloem.

Também afirmou que todos os países do euro têm “a firme determinação de fortalecer e preservar a união monetária” e que todos eles farão “pleno uso de todos os instrumentos disponíveis para preservar a integridade e a estabilidade da zona do euro”, diante da perspectiva de um possível contágio.

Os sócios da Grécia insistiram, apesar do fracasso do diálogo, que o país mantenha a moeda única.

Durante o fim de semana era possível ver nas ruas da Grécia longas filas para sacar dinheiro dos caixas eletrônicos, até 400 milhões de euros, que se somam a outros quase quatro bilhões sacados nas semanas anteriores por medo de o país terminar essa negociação fora da zona do euro.

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“Sublinhamos que a expiração do programa de assistência com a Grécia, sem perspectivas imediatas de disposições de acompanhamento, exigiria a adoção de medidas por parte das autoridades gregas”, afirmou o Eurogrupo, em alusão a possíveis controles de capital.

Os ministros de Economia e Finanças do euro assinalaram que se “vigiará muito de perto a situação econômica e financeira na Grécia” e que se quer “salvaguardar a estabilidade do sistema financeiro grego”.

A decisão de impor controles de capital na Grécia é do Banco Central do país e precisa ser autorizada pelo parlamento. Rejeitada pelo governo do primeiro-ministro, Alexis Tsipras, já está boca de seu ministro das Finanças, Yanis Varoufakis.

A espada de Dâmocles do iminente 30 de junho, data em que expira o resgate, a falta de liquidez da Grécia e os pagamentos da previdência e salários dos funcionários, assim como de 1,6 bilhão de euros ao FMI, evidenciam ainda mais o perigo e a difícil semana que a Grécia terá.

Além do programa de resgate, na meia-noite de terça-feira 30 também expira todo o financiamento que acompanha à atual assistência à Grécia, que inclui a transferência dos lucros obtidos pelo BCE pela compra de bônus gregos e os adquiridos pelos bancos centrais nacionais dos outros 18.

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A realização em 5 julho do surpreendente referendo proposto por Tsipras, que conta com o apoio do parlamento, sobre propostas europeias que nem sequer foram debatidas não aliviará a situação do país, e pode ser mais grave se os gregos, que majoritariamente estão a favor do euro, ignorarem a recomendação de recusa de seu primeiro-ministro.

As consequências de tudo isso serão sentidas também na zona do euro, admitiram seus dirigentes, que assinalaram que finalmente e com os instrumentos desenvolvidos há cinco anos, “não será tão ruim como para a Grécia”, como disse hoje o ministro austríaco.

Na mesma linha o primeiro-ministro francês disse em Paris que “as consequências no plano econômico e financeiro não teriam nada a ver com as que se temem”, mas sim no terreno político.