Relatórios publicados ontem por três importantes institutos de pesquisa da Europa mostram que as 332 milhões de pessoas que usam o euro podem passar por um período de estagflação quando o crescimento econômico se estagna e os preços aumentam.
O Instituto Ifo (Alemanha), o Insee (França) e o Istat (Itália) afirmam em suas revisões trimestrais que a economia da zona do euro recuou 0,2% no primeiro trimestre, e os três mantêm a previsão de que não deve haver crescimento nenhum no segundo trimestre. A inflação anual no bloco, com o apoio dos preços do petróleo, ficou em 2,6% no fim do primeiro trimestre. E esses institutos acreditam que a inflação deve cair para 2,4% no fim de junho e 2,2% em setembro.
Mesmo assim, essas previsões estão acima da meta do Banco Central Europeu (BCE), definida como perto, mas abaixo de 2%. E isso pode prejudicar os esforços para impulsionar o crescimento econômico na zona do euro, já que medidas acomodatícias, como injetar dinheiro na economia para encorajar a concessão de empréstimos e os investimentos, podem puxar os preços para cima.
Na sua reunião de política monetária, hoje, o BCE deve manter sua taxa básica de juros em 1%, segundo a previsão de 47 bancos e analistas ouvidos pela Dow Jones. Com isso, os investidores vão acompanhar de perto o discurso do presidente Mario Draghi, procurando indícios sobre as futuras ações do banco central.
"Nós estamos entrando em um período de estagflação", diz Carsten Brzeski, economista do ING. Segundo ele, essa situação "é muito desconfortável" para o BCE, já que a inflação acima da meta torna difícil para os membros mais conservadores do banco central defenderem mais medidas de estímulo ou um novo corte nos juros, tendo em vista o baixo crescimento no bloco.
As tensões nos mercados financeiros da zona do euro diminuíram nas últimas semanas, e a economia do bloco pode voltar a crescer no terceiro trimestre, mas muito levemente, com uma expansão prevista de 0,1%, segundo os três institutos citados. Além disso, o núcleo do índice de preços ao consumidor, que desconsidera os preços voláteis de energia e alimentos, deve desacelerar para 1,4% no segundo e no terceiro trimestre, de 1,5% no primeiro trimestre.