A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), grupo que reúne países desenvolvidos, reduziu suas previsões de crescimento para as maiores economias do mundo em seu relatório semestral sobre as previsões para 2012 divulgado ontem, e disse que a zona do euro entrou em recessão. A OCDE alertou que a zona do euro tem meses difíceis pela frente, com a economia recuando 1% a uma taxa anualizada no último trimestre deste ano e 0,4% nos primeiros três meses de 2012.
A entidade também alertou que a crise da dívida, que está agora afetando países vistos anteriormente como portos seguros, poderá "aumentar fortemente a ruptura econômica se não for solucionada" e levar a desfechos "muito devastadores". Os tumultos mais recentes nos mercados aconteceram na semana passada, após a Alemanha fracassar em levantar dinheiro em um leilão de títulos e a Itália ter de pagar um retorno ao investidor (yield) muito alto para conseguir rolar seus bônus.
A Itália planeja levantar mais 8 bilhões de euros (US$ 10,7 bilhões) em uma venda de bônus programada para hoje. Se a receptividade do mercado for fraca, os países da zona do euro poderão ficar em perigo real de se verem afastados dos mercados internacionais e enfrentarem a perspectiva sombria de um default nas suas dívidas. A Alemanha, maior economia europeia, então teria de decidir se salva seus parceiros ou se salva a si própria. A Alemanha vê como solução para isso aprofundar a união fiscal entre os 17 países da zona do euro (leia mais nesta página).
Alemanha
A OCDE afirmou em seu relatório com previsões para 2012 que a economia da Alemanha deve se recuperar gradualmente no ano que vem, com um aumento nas exportações e a elevação dos investimentos, após uma leve recessão no quarto trimestre deste ano. Mas a entidade alerta que uma piora na crise da dívida soberana da zona do euro pode levar a uma deterioração substancial no balanço patrimonial dos bancos alemães, gerando riscos para a recuperação do país. "A solução para a crise, juntamente com uma melhor regulamentação dos mercados financeiros, pode desencadear uma tendência mais forte e duradoura de crescimento. Mas, no geral, os riscos são predominantemente de baixa", diz o estudo.
O relatório afirma ainda que, para impulsionar o crescimento, a Alemanha deveria rever sua estrutura tributária, para aumentar a cobrança sobre bases imóveis, como atividades prejudiciais ao meio ambiente; e retirando encargos de bases móveis, como o mercado de trabalho, onde os impostos são particularmente altos.