Agora é oficial: a zona do euro está em recessão pela primeira vez desde a adoção da moeda comum, em 1999. A confirmação do encolhimento de boa parte da economia européia ocorreu na véspera da reunião de cúpula do G20, hoje, em Washington, na qual os países do continente podem ceder uma fatia de poder nas instituições multilaterais a países emergentes.
Os números divulgados ontem pela Eurostat, a agência de estatísticas da União Européia, mostram que o Produto Interno Bruto (PIB) médio dos 15 países da zona do euro sofreu contração de 0,2% no terceiro trimestre, repetindo desempenho do trimestre anterior.
A contração econômica por dois trimestres consecutivos configura uma situação de recessão, segundo a definição aceita pela maioria dos especialistas. No caso da zona do euro, chama a atenção a rapidez da desaceleração: há três meses os economistas apostavam que o risco de recessão era de um para três.
De lá para cá, o aperto no crédito se agravou, reduzindo o consumo, os investimentos e as exportações dos países da região. Maior economia da Europa e exportadora número um do mundo, a Alemanha foi uma das mais afetadas e puxou o PIB da zona do euro para baixo.
Na quinta-feira, a recessão alemã tornou-se oficial, com contração de 0,5% no terceiro trimestre, após retrocesso de 0,4% no segundo. Por trás do declínio está uma queda no consumo e na exportação de automóveis e máquinas pesadas para países emergentes, que deve continuar: a expectativa é de uma nova contração no quarto trimestre.
Ontem foi confirmado que a Itália, terceira maior economia da zona do euro, também entrou em recessão. Seu PIB se contraiu 0,5% no terceiro trimestre, após retração de 0,3% no anterior. A economia da Espanha, por enquanto, ainda não entrou em recessão, mas já encolheu 0,2% no terceiro trimestre a primeira queda em 15 anos, mas havia crescido 0,1% entre abril e junho.
A surpresa foi a França, da qual todos esperavam um número negativo que confirmasse as suspeitas de recessão que o próprio governo já antecipara, mas que cresceu 0,14%. "É uma cifra surpreendente", disse a ministra da Economia francesa, Christine Lagarde. "Todos já se preparavam para debater a recessão."
A taxa anualizada de crescimento da economia da zona do euro foi de 0,7%, enquanto a média dos 27 países da UE foi de queda de 0,2%, depois de ter registrado expansão zero no trimestre anterior. Nos últimos meses, BCs da Europa injetaram bilhões no mercado, e os países anunciaram pacotes de estímulo econômico. O último, na Alemanha na semana passada, chegou a US$ 23 bilhões.