É inegável que o educador Paulo Freire parecia ter interesse real pela educação dos mais pobres. Mas é evidente também que seu legado não é dos melhores: o conjunto da obra de Paulo Freire, apesar da influência que teve, não conseguiu melhorar os índices de educação brasileiros, principalmente entre os vulneráveis. E o seu tom, ideológico de esquerda – era filiado ao PT e marxista –, não deixa dúvidas das suas intenções políticas.
Hoje, em alguns lugares, existe ainda a discussão se é possível separar o seu método de alfabetização do restante da obra, de doutrinação política. Na verdade, as últimas descobertas de como o cérebro aprende a ler e escrever mostram que os caminhos técnicos apontados por Freire para a alfabetização, mesmo depurados de ideologia, continuam a ser precários.
Leia abaixo sete textos que explicam essas ideias e por que, apesar de tudo, as faculdades de pedagogia continuam defendendo o pensador com unhas e dentes.
Paulo Freire e a educação
Em texto publicado para a Gazeta do Povo, em setembro de 2017, Gabriel de Arruda Castro descreve os principais fatos da vida de Paulo Freire (1921-1997), citando episódios como o mutirão de alfabetização em Angicos (RN), em 1963, lenda que defende a suposta alfabetização por Freire de 380 adultos em 40 horas, e que rendeu ao educador o convite do ex-presidente João Goulart para dirigir o Programa Nacional de Alfabetização. Arruda Castro também explica a técnica de Freire de usar a palavra completa para alfabetizar, a ideologia incutida em seus textos, as acusações de plágio contra o educador e a impossibilidade de contestar Paulo Freire na universidade, mesmo com evidências sólidas contra suas ideias.
Texto rápido de ler com cinco ditames de Paulo Freire, bastante questionáveis: Che Guevara seria exemplo de amor, a família é opressora, entre outros.
As faculdades de Pedagogia cultuam Paulo Freire e suas obras e isso é assim por vários motivos. Um deles é porque os currículos dos principais cursos ainda adotam autores que foram importantes há 40 anos, mas que já foram superados pelos estudos recentes de neurociência e psicologia cognitiva – ciências que, por enquanto, têm sido desprezadas no Brasil. Em texto corajoso, dois professores explicam por que reduzir a formação de professores a autores como Henri Wallon, Lev Vigotski e Jean Piaget – como se vê hoje nos cursos de Pedagogia – leva a educação brasileira a aceitar de tudo, como Paulo Freire e a insistência em métodos que não funcionam.
“Quem já leu uma biografia de Paulo Freire, leu todas”. Em ensaio para a Gazeta do Povo, Martim Vasques da Cunha analisou não só as duas últimas biografias publicadas sobre Paulo Freire, mas também os fundamentos do pensamento do educador, com base no personalismo de Emmanuel Mounier, no construtivismo pedagógico, na eliminação de Deus e colocando o homem como “autor da própria libertação”, bem em sintonia com a doutrina marxista. Vasques da Cunha também traz detalhes curiosos da vida de Paulo Freire, como a defesa do crioulo como língua oficial do país em lugar do português, o péssimo desempenho documentado de Freire como secretário municipal de Educação de São Paulo e a sua desistência de entender “Grande Sertão: veredas”, de Guimarães Rosa que, para ele, era preciso ser “traduzido”.
“O que seria da cultura brasileira se Machado de Assis fosse obrigado, em sua alfabetização, a tartamudear sobre o morro em que nasceu?” Essa é a pergunta que faz José Maria e Silva em artigo publicado na Gazeta do Povo, em crítica ao método de ensino de Paulo Freire, que restringe o aluno às suas próprias experiências. No texto, ele desmascara, em poucas palavras, a ideologia explícita de obras como “Pedagogia do Oprimido”.
A colunista Bruna Frascolla revela como a "Pedagogia do Oprimido", de Paulo Freire, nem sequer pretendia ser um livro de pedagogia. Era, na verdade, o livro de um comunista voltado a criticar o dirigismo estalinista e apoiar o maoísmo. Por razões que a própria Razão desconhece, tornou-se a Bíblia de pedagogos brasileiros e referência para anglófonos.
Em seu mais famoso livro, Paulo Freire faz elogios a Fidel Castro e Che Guevara e destaca a sua intenção de “despertar a consciência” dos alunos para a “opressão”. Marxista assumido, Paulo tinha a luta de classes embutida em sua visão de mundo.
* PARA OUVIR: Como Paulo Freire ajudou a destruir a educação brasileira
E, por último, como cereja do bolo, o podcast Ideias explica por que, apesar de tudo, Paulo Freire é enaltecido no Brasil e fora dele: o educador conseguiu levar para a sala de aula o marxismo, a luta de classes, a lógica do “opressor e do oprimido”, dando a essas opiniões uma força de autoridade invisível, como um dogma impossível de ser contestado. Os alunos acabam reduzindo seus conhecimentos à batalha contra um agressor que não existe, sem perceber que, na realidade, estão sendo alienados de estudos que poderiam libertá-los da pobreza e da ignorância.