A poucos dias da eleição mais acirrada da história recente brasileira, o Teatro Paiol, em Curitiba, funcionou como um espaço de discussão entre estudantes e especialistas sobre o processo democrático. No Papo Universitário, evento promovido pela Gazeta do Povo, o centro da discussão foi a aproximação entre a política e a vida de qualquer cidadão passando do "não me representa" para o relacionamento sem dramas com a vida pública.
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Foram debatidos, entre outros pontos, as maneiras como as pessoas podem colocar em prática suas ideias para melhorar a sociedade e como se relacionar com os políticos que ajudaram a escolher.
O sentimento de falta de representatividade na política que ficou claro nas manifestações de 2013 iniciou a conversa. A democracia brasileira ainda muito jovem e a falta de comportamento democrático de alguns políticos foram citados pelo professor Daniel Medeiros, doutor em Educação e autor do blog Educação no dia a dia, da Gazeta, como motivadores desse sentimento de apatia.
"Temos apenas 25 anos de prática democrática, entre mais de 500 anos de Brasil. E é apenas a sétima eleição que vivemos sem que haja uma ditadura no meio. Então falta prática. Também os políticos, muitos vêm do regime militar. A democratização no Brasil foi por diluição e não por rompimento", disse.
Para o advogado, antropólogo e criador do site VotoLivre.orgHenrique Ressel, a resposta estaria na maior participação popular. "Quanto mais levarmos nossa agenda de forma direta aos políticos, mais representados seremos", diz. Ele citou como exemplo a Praça de Bolso do Ciclista, que acabou acontecendo por iniciativa popular. "É uma pessoa igual a você que foi lá e fez".
A maior participação do jovem na vida pública também é defendida por Denis Alcides Rezende, pós-doutor em Administração Pública e docente da PUCPR. "Ainda temos uma cultura de reclamar e não de participar. Muitos jovens não sabem a diferença entre os cargos públicos", comentou.
Segundo o professor, existem Existem inúmeras formas de inovar na participação. "Veja o que você gosta: atuar fisicamente, pela internet? Procure entender um pouco mais sobre as questões do nosso país para poder atuar, seja em seu bairro, em sua cidade, no país. O mais importante é participar", falou aos jovens presentes na plateia.
O investidor e especialista em finanças Bernardo Quintão afirma que a sociedade é mais eficiente do que o estado. "O estado não é eficiente quando age, deveríamos delegar menos a ele". Para ele, as coisas estão "melhorando muito rápido" com iniciativas de jovens que querem mudar a sociedade.
Medeiros questionou: "Mas qual a amplitude? Mais do que isso, também temos que nos apoderar dos partidos e fortalecer as instituições". O professor também criticou o excesso de responsabilização dos eleitores. "É o cidadão que tem que ir atrás e se informar, mas as instituições e os partidos também tinham que ajudar".
Ressel, por fim, afirma que a manifestação popular está cada vez mais próxima da política com o meio digital. Para ele, a máxima 'pense globalmente e aja localmente' ainda é o mais importante. A iniciativa do Voto Livre, que quer a tramitação da Lei Bicicleta, de iniciativa popular, na Câmara de Curitiba, seria uma delas. "Às vezes não dá para mudar o mundo inteiro de uma vez, mas uma coisa ou outra sim".
O Papo Universitário é uma iniciativa da Gazeta, com patrocínio da Volkswagen e apoio da Unicuritiba.****VIDEO****
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