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valorizando as diferenças

A diversidade racial como eixo do ensino infantil

Através de brincadeiras, a turminha do maternal aprende desde cedo a conviver com as diferenças. | Antônio More/Gazeta do Povo
Através de brincadeiras, a turminha do maternal aprende desde cedo a conviver com as diferenças. (Foto: Antônio More/Gazeta do Povo)

Sentados em roda no tatame, a turminha do maternal fica agitada quando vê as bonecas que chegaram da sala do berçário ao lado. Negras de todos os tons, brancas, com cabelos de todos os tipos, as bonecas recebem beijos e abraços. Para eles, é mais uma brincadeira. Mas a ação é resultado de um estudo de pelo menos cinco anos feito pelo Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei) Jardim Paraná, em Curitiba.

A unidade é referência em tratar as relações étnico-raciais na rede municipal de ensino de Curitiba. Lá, não tem essa história de trazer um grupo de capoeira para se apresentar no Dia da Consciência Negra e pronto, acabou. O trabalho com a diversidade é o ano inteiro, o tempo todo.

Fotos na CMEI Jardim Paraná, no Capão Raso, eles desenvolvem um trabalho com abayomis, as bonecas africanas. O CMEI trabalha com a diversidade racial em seu cotidiano. | Antônio More/Gazeta do Povo

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Fotos na CMEI Jardim Paraná, no Capão Raso, eles desenvolvem um trabalho com abayomis, as bonecas africanas. O CMEI trabalha com a diversidade racial em seu cotidiano.

Na foto a Nadielly de 4 anos, no CMEI que trabalha com a diversidade racial em seu cotidiano. | Antônio More/Gazeta do Povo

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Na foto a Nadielly de 4 anos, no CMEI que trabalha com a diversidade racial em seu cotidiano.

Fotos na CMEI Jardim Paraná, no Capão Raso, eles desenvolvem um trabalho com abayomis, as bonecas africanas. O CMEI trabalha com a diversidade racial em seu cotidiano. | Antônio More/Gazeta do Povo

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Fotos na CMEI Jardim Paraná, no Capão Raso, eles desenvolvem um trabalho com abayomis, as bonecas africanas. O CMEI trabalha com a diversidade racial em seu cotidiano.

Fotos na CMEI Jardim Paraná, no Capão Raso, eles desenvolvem um trabalho com abayomis, as bonecas africanas. O CMEI trabalha com a diversidade racial em seu cotidiano. | Antônio More/Gazeta do Povo

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Fotos na CMEI Jardim Paraná, no Capão Raso, eles desenvolvem um trabalho com abayomis, as bonecas africanas. O CMEI trabalha com a diversidade racial em seu cotidiano.

Fotos na CMEI Jardim Paraná, no Capão Raso, eles desenvolvem um trabalho com abayomis, as bonecas africanas. O CMEI trabalha com a diversidade racial em seu cotidiano. | Antônio More/Gazeta do Povo

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Fotos na CMEI Jardim Paraná, no Capão Raso, eles desenvolvem um trabalho com abayomis, as bonecas africanas. O CMEI trabalha com a diversidade racial em seu cotidiano.

Na foto a Nadielly de 4 anos, no CMEI que trabalha com a diversidade racial em seu cotidiano. | Antônio More/Gazeta do Povo

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Na foto a Nadielly de 4 anos, no CMEI que trabalha com a diversidade racial em seu cotidiano.

Na foto o Noran e a Nadielly, ambos de 4 anos. O CMEI trabalha com a diversidade racial em seu cotidiano. | Antônio More/Gazeta do Povo

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Na foto o Noran e a Nadielly, ambos de 4 anos. O CMEI trabalha com a diversidade racial em seu cotidiano.

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Fotos na CMEI Jardim Paraná, no Capão Raso, eles desenvolvem um trabalho com abayomis, as bonecas africanas. O CMEI trabalha com a diversidade racial em seu cotidiano.

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Fotos na CMEI Jardim Paraná, no Capão Raso, eles desenvolvem um trabalho com abayomis, as bonecas africanas. O CMEI trabalha com a diversidade racial em seu cotidiano.

Superar datas comemorativas tem a ver com uma mudança na mentalidade escolar. “Não mais incentivar que todo mundo seja igual, mas valorizar as diferenças”, explica Caroline Francye, do departamento de educação infantil da Secretaria Municipal de Educação (SME).

A regra vale para a educação como um todo. Mas o ensino infantil tem lá suas especificidades. Os professores precisam trabalhar com o cotidiano da criança. O trabalho é baseado em brincadeiras e interações. “São pequenas ações. Quando você insere histórias em que a personagem em destaque tem sempre a mesma característica física – loira, de olho azul –, ou quando muitas vezes nenhuma imagem de boneca ou livro tem características físicas próximas às daquela criança, ela não consegue se enxergar como bonita”, explica a pedagoga Rubiane Fratti Machado.

O trabalho começou em 2010, com bonecas de diversas etnias costuradas pela professora Kelly Regina Mayer Boeira Vieira, que trabalha na unidade. O preconceito das crianças contra qualquer cabelo que não fosse liso surgiu logo de cara. “Tem criança que não quer brincar com a boneca negra. Ela não fala ‘não quero esta’, mas sempre escolhe outra”, conta a diretora do centro, Tânia Maria Misquevis Chuves.

Antes disso, foram seis meses de estudos com as professoras e funcionárias do Cmei. Resultado de um curso da Fundação Palmares feito por Tânia, depois de ouvir que “meu coração dói porque ninguém quer brincar comigo”, de um aluno, hostilizado pelos coleguinhas por ser loiro, de olho azul e ter cabelo afro.

O trabalho também ocorre na outra ponta da educação, co os pais. Além de participarem dos eventos promovidos pela escola, eles encontram referências às culturas africanas, indígena e até japonesa, por todos os lados, quando vão buscar os filhos. Livros como De alfaia a zabumbas e Outros contos africanos ficam disponíveis para leitura.

Bonecas

No Jardim Paraná as crianças também brincam com as abayomis, bonecas cujo nome remete a alegria, em iorubá. Neste ano, o centro montou um espaço griô para contação de histórias, com referência à tradição oral africana.

O projeto não é megalomaníaco, mas dá trabalho. A cada ano as crianças mudam e a equipe pedagógica refaz o planejamento. Mas têm seus louros. Negro, o tio de uma aluna foi acompanhar a festa da escola; depois contou que foi a primeira vez que as crianças não tiveram medo de brincar com ele. Em outra feita, uma aluna disse para a mãe: “Olha, eu sou linda, sou cor de chocolate.”

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