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Alunos do Colegio Estadual Avelino Antonio Vieira, em Curitiba, durante ensaio para um desfile de Sete de Setembro | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
Alunos do Colegio Estadual Avelino Antonio Vieira, em Curitiba, durante ensaio para um desfile de Sete de Setembro| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Os desfiles de Sete de Setembro são uma oportunidade para as escolas trabalharem questões como ética, cidadania e símbolos pátrios. Mas como fazer destes eventos também uma oportunidade o ensino? 

O debate sobre o contexto histórico da Independência é um bom começo.

Para Daniel Medeiros, doutor em Educação Histórica e professor de História do Brasil do Curso Positivo, é preciso mostrar as circunstâncias da criação do Sete de Setembro. 

“D. Pedro era um príncipe português e a independência não implicou em nenhuma mudança importante para o conjunto da população”, diz. “Pelo contrário: pouco depois de virar imperador, D. Pedro fecharia a Assembleia Constituinte e imporia um governo de caráter absolutista, outorgando uma constituição que delegaria a ele amplos poderes”, completa. 

Já a tradição dos desfiles na data da Independência foi iniciada na década de 40 por Getúlio Vargas, com o objetivo declarado de promover os valores cívicos desde cedo. Daniel, porém, faz uma ressalva: “É preciso lembrar que em 1940, quando Getúlio instituiu essa festividade, o Brasil era uma ditadura, sem Congresso e com outra Constituição outorgada”. 

Segundo Medeiros é uma chance para fornecer aos alunos uma visão crítica sobre o episódio  que ofereça uma interpretação contemporânea da Independência, e não “uma falsa ideia de que cantar o hino ou agitar bandeiras em um desfile seja demonstrar espírito patriótico”. 

Histórico 

O primeiro projeto educacional voltado para o ensino de moral e cívica foi apresentado à Câmara dos Deputados em 1826, e a possibilidade de criação de uma disciplina específica voltada para esses temas foi considerada pela primeira vez em 1909. 

Hoje, os Parâmetros Curriculares Nacionais indicam que a formação moral dos estudantes é responsabilidade da escola, mas não determinam que os professores sejam incumbidos da função. 

Para Sandro Anselmo Coelho, coordenador psicopedagógico do Ensino Médio, do Colégio Marista Santa Maria, a sociedade atravessa um momento de incerteszas sobre os rumos sociais e políticos; momento ideal para se falar sobre civismo nas escolas. 

“Quando a temática do civismo é abordada de forma ética, não corremos o risco de cair no campo da ideologia. A Filosofia e a Sociologia são caminhos para gerarmos crianças que entendam  o que esta data representa”, diz. 

Josiane Miara, também coordenadora psicopedagógica do Colégio Marista, lamenta que o potencial pedagógico da data não esteja sendo plenamente aproveitado. “Vemos a data, ano a ano, ser recorrentemente reduzida a um desfile bélico. É necessário que as escolas problematizem o referencial histórico do país e, dessa forma, criem uma ótima oportunidade de ensino”, afirma.

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