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A notícia na carteira da escola

Cerca 2,3 mil escolas, 18 mil professores e 500 mil alunos beneficiados. Esse é o balanço do Projeto Ler e Pensar, que completa hoje 10 anos

O trabalho dos alunos com jornais, segundo professores, ajuda na leitura, escrita e interpretação de textos | Arquivo/ Gazeta do Povo
O trabalho dos alunos com jornais, segundo professores, ajuda na leitura, escrita e interpretação de textos (Foto: Arquivo/ Gazeta do Povo)

O primeiro contato com o jornal é sempre uma bagunça na sala de aula: os olhos e as mãos dos alunos não param, porque a ansiedade é grande em descobrir o que existe naquelas páginas grandes, dobradas ao meio. "É assim porque eles nunca tiveram a chance de ver um jornal antes", conta a professora Denise Martins de Araújo, da Escola Municipal Ulisses Guimarães, de Campina Grande do Sul. Depois que os pequenos pegam intimidade com a disposição das páginas e das informações, o trabalho pedagógico com o jornal rende alguns bocados. "A leitura e compreensão do texto são visivelmente melhores agora", diz Denise.

A escola da região metropolitana de Curitiba recebe, gratuitamente, jornais para que os professores possam trabalhar com os alunos em sala de aula. Os exemplares são distribuídos dentro do Projeto Ler e Pensar, da Gazeta do Povo e Instituto RPC, que completa hoje 10 anos. Nesse período foram atendidas 2,3 mil escolas, 18 mil professores e 500 mil alunos.

Na prática

O gráfico de uma matéria sobre acidentes de trânsito vira tema para a aula de Matemática. O processo é simples e tem excelentes resultados: os alunos precisam olhar os números e dizer quais estados têm mais acidentes. Depois, devem escrever, por extenso, o número de acidentes registrados em cada unidade da federação. Para concluir, escrevem uma carta aos motoristas para que se conscientizem e ajudem a mudar esse quadro. "Eles olham e dizem: Então é assim que se lê um gráfico?", conta a professora Denise.

A professora está entre os docentes inscritos na 2.ª edição do Concurso Cultural Ler e Pensar. Os nomes dos vencedores serão divulgados hoje à noite (confira amanhã o resultado no suplemento Educação & Ensino, da Gazeta do Povo), no Teatro Positivo. Neste ano, o concurso envolveu cerca de mil professores, movimentando quase 35 mil estudantes.

O prêmio foi criado no ano passado. Ele valoriza projetos pedadógicos criativos, desenvolvidos por professores, usando o jornal como ferramenta pedagógica. Na cerimônia de premiação de hoje, que marcará os 10 anos do projeto, o escritor e músico Gabriel O Pensador fará uma palestra aos professores convidados, abordando a importância da leitura para a formação da consciência crítica. "Celebrar esses 10 anos é reconhecer a contribuição social e educacional que o Ler e Pensar vem prestando ao longo desses anos para a comunidade paranaense, na mesma medida em que fortalecemos uma nova prática cidadã", afirma a diretora do Instituto RPC, Clarice López de Alda, que operacionaliza o projeto.

Multidisciplinar

A professora Adriana Margarete Rolim Gonçalves, da Unidade de Educação Integral Abranches, foi a campeã do concurso no ano passado. "Trabalhar com o jornal em sala de aula ajuda os alunos a ver diversos assuntos de uma só vez. Os livros didáticos são como gavetinhas, um fala da História do Brasil, outro da História Mundial. O jornal não, ele trata de todos os assuntos em apenas um dia, é multidisciplinar e dinâmico", explica Adriana.

Além disso, segundo ela, o jornal ajuda na inclusão. "Te­­nho um aluno especial que trabalha bem com Matemática, mas tem dificuldades de ler e entender textos longos. Quan­do trabalho com o jornal é maravilhoso ver que ele consegue ler os textos curtos dos Clas­­­sificados e interpretá-los", comenta. Adriana tam­­­bém trabalhou a inclusão a partir do jornal. "Tenho uma aluna cega e, quando vimos a notícia do presidente Lula participando da posse do primeiro juiz cego do Brasil, foi emocionante ver como eles conseguiram desenvolver bem o assunto. Isso já faz parte da vida deles."

Para a Escola Municipal de Santa Bárbara de Cima, em Pal­meira, o mais importante tem sido trabalhar com as notícias do caderno Caminhos do Campo. "Faz parte da história de vida deles, que vivem no meio rural. A aula, com o jornal, transformou a história dos livros em realidade", diz a professora Fabíola Chemin Passoni.

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