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Um dos meios para fomentar a criatividade durante o ensino é promover oportunidades novas e desafiadoras. | Christine June
Um dos meios para fomentar a criatividade durante o ensino é promover oportunidades novas e desafiadoras.| Foto: Christine June

Em um período de mudanças rápidas em tecnologias, carreiras e cotidiano, surge a demanda por profissionais flexíveis, que possam se adaptar rapidamente e criar soluções inovadoras. Mas a formação de ensino superior, em seu modelo tradicional, pode não atender a essa demanda.

“Como sociedade, estamos implorando por pessoas mais inovadoras”, afirmou Anthony Brandt, professor de composição e teoria musical na Rice University, em entrevista ao Times Higher Education. “Mas parecemos estar nos movendo na direção errada no treinamento dessas pessoas”, completa.  

Modelo defasado 

O modelo de ensino superior tradicional, voltado para conhecimentos teóricos, alinha-se aos ideais acadêmicos de pesquisa e reflexão teórica, mas esse nem sempre é o caminho mais adequado para um maior aproveitamento das oportunidades de aprendizagem. 

“O verdadeiro propósito da escola deveria ser gerar curiosidade, pessoas com fome de aprender”, disse David Roberts, especialista em inovação e membro da Singularity University, em entrevista ao El País

Esse propósito é o objetivo por trás Singularity, universidade do Vale do Silício voltada para a formação de líderes capazes de resolver, com inovação e tecnologia, os oito grandes desafios do planeta – acesso amplo e sustentável a energia, desenvolvimento sustentável, alimentação para todos, acesso a água potável, acabar com a pobreza, garantir educação, saúde e segurança para todos. 

Sala de aula 

Iniciativas para fomentar a criatividade podem ser desenvolvidas na sala de aula tradicional das universidades: o ponto principal é repensar o modelo atual e adaptá-lo de uma forma que possa explorar o potencial criativo dos estudantes. 

De acordo com especialistas, o modelo de divisão de conhecimentos por áreas e disciplinas é não incentiva a criatividade: a alternativa é um ensino multidisciplinar, em que os objetos de estudo são explorados em diversas frentes, agregando conhecimento de áreas distintas. 

Um exemplo desse ensino multidisciplinar apontado por Brandt é o curso “Monsters”, ofertado na Rice, que une um professor da área de linguagem e literatura, que ensina sobre os monstros na literatura, e um professor de biologia, que ensina sobre criaturas monstruosas da natureza, como a vida marinha abissal. 

Em um dos projetos finais da disciplina, os estudantes devem criar os próprios monstros fictícios de acordo com os conhecimentos adquiridos nas duas áreas estudadas. 

“Poder entrar em uma sala de aula de uma universidade e ver essa diversidade de resultados, com todo mundo dominando o mesmo material e extrapolando-o de formas diferentes”, diz Brandt, “Isso faria sentir como se a articulação realmente estivesse em sintonia.” 

Incentivo 

A capacidade de criação dos estudantes é incentivada com oportunidades par criar. Isso implica em uma mudança no modelo atual de ensino superior, baseado majoritariamente no desenvolvimento de conhecimentos teóricos relacionados a áreas específicas. 

Por isso o neurocientista e professor da Universidade Stanford, David Eagleman, apontou como exemplo os cursos de engenharia: segundo David, eles deveriam ensinar os conteúdos necessários para criar e então pedir para os estudantes desenvolverem diversos modos de construir um projeto, como um avião ou um eletrodoméstico, e não focar apenas na resolução de exercícios teóricos no livro texto. 

“Quando estava na universidade, estudei engenharia elétrica e física e achei esses cursos muito chatos porque tudo o que fazíamos era chegar à resposta que estava no final do livro”, diz Eagleman. 

A importância da ruptura de formatos e exploração de situações novas para o desenvolvimento da criatividade é destacado por um estudo realizado por Norman Jackson, professor da Universidade de Surray, no Reino Unido.

De acordo com Jackson, um dos meios para fomentar a criatividade durante o ensino é promover oportunidades novas e desafiadoras para que os estudantes possam não só desenvolver a criatividade, mas também continuar utilizando-a em contextos individuais e coletivos. 

“Para preparar os estudantes para aprendizagem no mundo real, fora do ambiente seguro e ‘confortável’ do ensino superior, precisamos de uma forma de educação que expõe os estudantes aos riscos e desafios de contextos e problemas que ainda não são familiares, com informações incompletas, ambíguas e conflituosas e situações que evoluem rapidamente”, diz Jackson. 

A proposta busca incorporar simultaneamente todos os modos de aprendizagem: visual, auditivo, oral e sinestésico 🧠 #GazetadoPovo via #Educação

Publicado por Gazeta do Povo em Sexta, 8 de dezembro de 2017
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