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Quando as lições que envolvem a cooperação, a solidariedade, o respeito e o diálogo deixam o plano teórico e avançam do discurso para a vivência, os estudantes percebem o aprendizado como bagagem para a vida toda. Além de ajudar a compreender o próprio papel social, as iniciativas das escolas voltadas para a comunidade ajudam os estudantes nas relações interpessoais e na compreensão de suas responsabilidades.
Quanto mais cedo a criança se enxerga inserida de forma cidadã na sociedade, mais significativa é a internalização dos valores, segundo a psicopedagoga Sônia Küster, professora universitária. "Essa vivência da cidadania é ponto essencial na formação do sujeito, que incorpora e repete essas ações, influenciando escola, família e sociedade como um todo." Confira exemplos de escolas que têm ajudado os alunos a trilhar na prática o caminho da cidadania.
Valor à família
Quem acompanha a professora Sueli Ferreira (na foto, com alunas) em suas visitas à Aldeia São José, lar que abriga crianças vítimas de violência, não volta o mesmo para casa. Sueli, que ensina Português no Colégio Estadual Sagrada Família, de Campo Largo, leva seus alunos do 8º ano à entidade desde 2005, com ônibus cedido pela prefeitura. Além das visitas mensais, quando são realizadas atividades de recreação e até reforço escolar, os alunos também se envolvem em arrecadações que vão de roupas e brinquedos a materiais de limpeza. "Todos adoram participar e voltam valorizando mais a família que eles têm; se tornam mais atenciosos com os cuidados com a casa e sabendo dividir o que possuem", diz a professora.
No palco pelo bem
Durante as três semanas de apresentações da peça "O menino que inventou o avião", os alunos do Colégio Positivo sabiam que estavam fazendo mais do que entreter a plateia. Isso porque a renda da bilheteria será doada ao Lar O Bom Caminho, que acolhe crianças que vivem em situação de risco ou abandono. A estudante Giovana Magalhães (foto), 14 anos, que faz parte do elenco, conta que os alunos devem se apresentar na entidade. "A peça é sobre a vontade de sonhar e é bonito passar isso às crianças que têm vida difícil, para esquecerem um pouco a tristeza", diz.
Não fume, coma frutas
No Dia Nacional do Combate ao Fumo (29 de agosto), os alunos do Colégio Adventista do Portão (foto) foram às ruas para combater o tabagismo. Com o mote "Troque a nicotina por uma vitamina", os jovens incentivaram a troca do maço de cigarro por uma maçã. "Mobilizamos os alunos do ensino médio por os considerarmos um grupo mais propenso ao nocivo hábito de fumar", diz a vice-diretora, Vaniza Santana. Os alunos também distribuíram folheto explicativo com dicas de como deixar de fumar e ouviram várias pessoas relatando o quanto é difícil abandonar esse hábito.
Leitores não tão distantes
Pensando nas pessoas com deficiência visual, mil alunos do Colégio Nossa Senhora do Rosário gravaram cinco audiolivros, com mais de dez horas de narrativas. O projeto durou sete meses entre produção de texto, aulas de oralidade e gravações, e resultou em presente para cinco instituições de Curitiba. Entre as contempladas está a Associação de Pais e Amigos do Deficiente Visual (Apadevi), visitada pela estudante Helena Tavares (foto), 13 anos, durante a entrega oficial. "Foi um sucesso, adoramos participar e aprendemos com a convivência próxima a conhecer e respeitar mais os colegas. Foi muito bom para os dois lados", conta.
De olho na natureza
Elas são pequeninas, mas já se preocupam com o meio ambiente. Desde o início do ano as crianças do Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Boa Vista (foto) estão envolvidas com o projeto "Descobrindo os segredos da água". Houve visitas ao Rio Atuba, coleta de materiais recicláveis, teatro sobre a dengue e maquete representando rios.Segundo a diretora Monica Angelica Sampaio, a experiência não ficou restrita ao CMEI. "Várias famílias contaram que mudaram o comportamento em casa pela preocupação das crianças, limpando o quintal, usando a água com consciência e cuidando do lixo", diz.
