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A educação no Brasil não vai bem, mas algumas ilhas de excelência trazem esperança. Uma delas é o Método Scliar de Alfabetização. Baseado em descobertas científicas em neurociência, ainda desprezadas pelas faculdades de pedagogia no Brasil, o sistema, criado pela professora Leonor Scliar-Cabral e utilizado com sucesso em escolas públicas de três municípios, está sendo ensinado em aulas online gratuitas para educadores.

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“Na maioria das escolas, as políticas públicas de educação não se beneficiaram dos avanços das ciências de ponta. Não permitiram novos olhares sobre a forma como se deve alfabetizar, por isso os resultados são pífios. E, infelizmente, a formação dos futuros professores que vão atuar nos ciclos iniciais da alfabetização é muito ineficiente”, afirma a professora, que é uma das principais referências em linguística no Brasil, sendo uma das promotoras da ciência cognitiva da leitura no país, tendo traduzido, por exemplo o livro, “Os neurônios da leitura: como a ciência explica a nossa capacidade de ler”, de Stanislas Dehaene.

Em 34 aulas, a professora ensina os fundamentos do método e a forma de aplicá-lo. Para acessar o conteúdo, basta entrar na plataforma vimeo neste link, e colocar a senha “SSA Leitura”. O sistema Scliar é recomendado a todos os alunos, sendo eficaz também para crianças com dificuldades especiais em linguagem.

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Entre os outros métodos de alfabetização que são eficazes no Brasil, é preciso citar o sistema utilizado em Sobral (CE), município com os melhores índices educacionais no Brasil. O conteúdo é de autoria de João Batista Araujo e Oliveira, do Instituto Alfa e Beto, e também requer a formação de professores.

O construtivismo e como o cérebro aprender a ler

Enquanto algumas atividades são naturais para o ser humano, como andar e falar, a leitura é algo que o cérebro precisa ser programado para decifrar. A linguagem oral é natural, a alfabetização não é: consiste em aprender um código criado pelo ser humano e, para isso, é preciso reconfigurar o cérebro para processar a relação entre letras e sons, até chegar à fluência, o que ocorre em várias fases.

No Brasil, popularizou-se nas faculdades de pedagogia as abordagens que tratam, em sua maioria, a leitura e a escrita quase como operações naturais do ser humano e, por isso, cada criança acaba tendo de “reinventar a roda” para aprender a ler e escrever. As escolas que seguem essa linha, a maioria no Brasil, pulam etapas consideradas essenciais para a alfabetização eficaz, como o ensino das letras e sons, a chamada abordagem fônica – alguns municípios no Brasil chegam a proibir o ensino das letras nas escolas de educação infantil e ensino fundamental –, o que explica o fracasso no ensino.

Outro erro difundido nas faculdades de pedagogia é privilegiar o que as abordagens socioconstrutivistas chamam de abordagem global em detrimento ao ensino direto e sistemático, quando é feita a “fragmentação” do conhecimento em conteúdos específicos, ensinados de forma progressiva. Pesquisas mostram que essa escolha da abordagem global não dá as ferramentas necessárias para que o cérebro decodifique com rapidez qualquer palavra, o que faz as crianças arrastarem lacunas de aprendizagem até o fim da educação básica e tem consequências negativas para as outras disciplinas.