Estudar em escola particular não é garantia de bom rendimento na universidade. Pesquisa feita pela Universidade de Campinas (Unicamp) e divulgada nesta quinta-feira mostra que, em 60% dos seus cursos de graduação, estudantes do primeiro semestre de 2005 provenientes do ensino médio da rede pública têm notas iguais ou maiores às daqueles que vieram de colégios privados. Este desempenho ocorre em 33 dos 55 cursos analisados.
As maiores diferenças são encontradas nos cursos de física noturno (rendimento 14,4% superior), engenharia agrícola (11,5%), tecnologia em construção civil (9,3%), estatística (8,1%) e música - composição (7,1%).
No vestibular, no entanto, o quadro é oposto. Os alunos de escolas públicas tiveram mais pontos que os outros em apenas quatro cursos. Ou seja, ao longo do primeiro período de faculdade, eles se recuperaram. Para os autores da pesquisa, uma das explicações para o melhor rendimento dos estudantes de escolas públicas nas graduações é que eles se esforçam mais nos estudos, depois de terem enfrentado dificuldades para entrar numa universidade pública.
A pesquisa analisou o rendimento de 2.829 ingressantes na Unicamp, dos quais 931 foram beneficiados pelo Programa de Ação Afirmativa e Inclusão Social (PAAIS). Pelo sistema, vestibulandos que fizeram todo o ensino médio em escolas públicas recebem mais 30 pontos na prova do concurso. Os que, além disso, autodeclaram-se pretos, pardos ou indígenas, ganham 40 pontos. Em média, a bonificação representa 6% da nota final dos candidatos. A participação no programa, que não utiliza o sistema de cotas, é opcional e deve ser indicada no formulário de inscrição.
- Não há percentual de vagas reservado para ninguém. O sucesso do PAAIS mostra que é possível, ao mesmo tempo, fazer programas de inclusão social e melhorar a qualidade do corpo discente da universidade - afirma Leandro Tessler, coordenador executivo da Comissão Permanente para os Vestibulares da Unicamp (Comvest).
De acordo com o coordenador, os resultados desmistificam a idéia de que alunos ingressantes na universidade pelo PAAIS não conseguiriam acompanhar o desempenho dos demais estudantes.
- Este resultado só é possível devido ao tipo de vestibular realizado pela Unicamp, que busca os alunos com maior potencial para o ensino superior, privilegiando o raciocínio em lugar de informações decoradas - diz Tessler.
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