Seu filho é um líder?
Confira as características que um aluno deve ter para ser representante de turma segundo os educadores e psicólogos consultados:
Não fazer parte de nenhum grupinho.
Ter paciência para ouvir os outros.
Ter espírito pacificador.
Não gostar de fofocas e intrigas entre grupos diferentes.
Ser disciplinado.
Ter a confiança dos colegas.
Ter pulso firme para tomar decisões.
Perceber as necessidades coletivas.
Ser modelo para os outros colegas.
No primeiro mês de aula, muitas escolas entram em clima de eleição. Turmas de ensino fundamental e médio têm que escolher quem será seu representante, aquele aluno responsável por ajudar o professor, levar revindicações dos colegas para a direção e organizar atividades coletivas dentro ou até mesmo fora de sala. Nem todos os estudantes se candidatam ao cargo, mas sempre existem aqueles com espírito de liderança e que se saem muito bem frente ao comando. Mas o que parece não ter ligação com as atividades educacionais, guarda uma grande importância: ser líder é ter um grande incentivo à capacidade crítica e ao desenvolvimento pessoal.
O processo de escolha do representante, por si só, já é carregado de significados. O líder não é eleito logo na primeira semana de aula, como explica a orientadora educacional do Colégio Novo Ateneu, Margarete Cunico. A seleção é feita um mês depois, após os colegas terem tempo para conhecer os colegas e perceberem aquele com perfil para liderá-los. "Aqui as turmas escolhem dois, um menino e uma menina, para que todos se sintam representados e mais à vontade na hora de pedir alguma coisa. Mas independentemente do sexo, os escolhidos não podem pertencer a alguma panelinha e devem ter espírito pacificador", explica.
Conciliar as tarefas
Para ser eleito representante de classe o estudante não precisa necessariamente ter bom desempenho escolar. No entanto, é o que acaba acontecendo porque o bom aluno é exemplo para os outros e acaba sendo o mais votado. Porém, se a preocupação dos pais está justamente no fato do filho que tira boas notas poder baixar seu rendimento por excesso de tarefas, a saída é a conversa. "A família tem de orientá-lo a assumir ou não esse papel. Precisa levantar prós e contras e explicar que uma atividade não pode atrapalhar a outra e que é preciso equilíbrio", diz Mari Ângela Calderari Oliveira, psicopedagoga e professora de psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).
Se o representante souber levar bem as duas coisas juntas, isso pode trazer muitos benefícios no futuro. Além de exercitar a liderança, a criança ou o jovem desenvolvem habilidades como a de perceber a necessidade do outro, falar em público, pensar de forma coletiva, e não individual, tomar decisões e resolver conflitos, se conhecer melhor e lidar com seus próprios limites. "Esses pontos são fundamentais para a posterior vida profissional", comenta Mari Ângela. Mesmo que o papel de representante seja positivo, nem todos têm esse perfil. Para psicólogos e pedagogos, isso é algo que aparece espontaneamente e não deve ser forçado.
A estudante da 8.ª série do Colégio Novo Ateneu, Monique Portela, 14 anos, é vice-representante pela segunda vez e já foi a titular do cargo uma vez. Por três anos como líder de sala, ela é um exemplo de aluna em que a liderança apareceu espontaneamente. Por se dar bem com todo mundo e ser bastante comunicativa, conseguiu a simpatia dos colegas. Todas as vezes que os coordenadores entram em sala para fazer votação, ela é escolhida mesmo sem se candidatar. Falante e bem articulada, ela conta que às vezes é difícil agradar todo mundo, que muitas reuniões são tumultuadas com todos querendo falar ao mesmo tempo, mas que gosta bastante do trabalho que faz. "Eu me dedico muito, mas nunca precisei levar nada para casa. Por isso minhas notas são boas e tenho tempo para estudar", conta.
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