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Alunos ocupam o Colégio Estadual do Paraná e outras 29 escolas no estado

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(Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo)

A lista de escolas ocupadas no estado cresceu e agora incluiu o Colégio Estadual do Paraná (CEP), o maior colégio de ensino público paranaense. Segundo a União Paranaense dos Estudantes Secundaristas (UPES), alunos ocupam a instituição desde a noite desta quinta-feira (6). Nesta sexta (7), já são 30 escolas ocupadas em todo o estado (veja a lista ao lado), de acordo com a UPES.

A Secretaria de Estado da Educação (Seed) informou que não tem um balanço oficial do número de escolas ocupadas. Por isso, não confirma o nome das instituições divulgadas pela organização estudantil. Sobre o movimento no CEP, a pasta informou que equipes do núcleo de educação responsáveis pelo colégio estão no local para discutir a questão com alunos e professores.

Um protesto principalmente contra as propostas de mudança no ensino médio sugeridas por meio de uma Medida Provisória do presidente Michel Temer (PMDB), as ocupações em todo o estado reúnem milhares de estudantes. Segundo a UPES, apenas no CEP, 700 alunos estão no local. A diretoria do colégio, contudo, estima a participação de 350 alunos. Conforme a reportagem constatou no local, também há pais de alunos dentro do colégio como forma de apoio ao protesto.

Segundo a estudante Lia Sala, de 17 anos, os alunos do CEP participaram de uma assembleia na noite desta quinta-feira e devem realizar um novo encontro de discussão ainda na manhã desta sexta (7). Como os alunos pretendem permanecer com o protesto por tempo indeterminado, eles já estabeleceram comissões voltadas, por exemplo, para segurança, higiene e alimentação.

Até o momento, os organizadores da ocupação estão permitindo acessos pontuais de professores e servidores às salas administrativas. A entrada é permitida quando há necessidade de retirar documentos e materiais.

Vários professores da instituição decidiram apoiar o protesto dos alunos, desde que o propósito da ocupação não seja deturpado. A professora Ligia Esteves Maria , que leciona Física no CEP, classificou o protesto como uma resposta à postura do governo federal, principalmente “pelo fato de as novas regras terem sido implantadas por medida provisória e sem diálogo com a população”.

“Os estudantes estavam bem quietos ontem, até achamos que esse movimento começaria na semana que vem”, pontuou.

Márcia Manosso, professora de Física e Matemática, também se mostrou a favor do protesto e disse ter se surpreendido com a organização dos alunos.

O vice-diretor do CEP, Eduardo Gonçalves, informou que o movimento tem mantido diálogo com a administração do colégio e disse ainda respeitar a ocupação, uma vez que a iniciativa partiu dos próprios estudantes.

O presidente da UPES, Matheus dos Santos, informou que a ideia é que outras instituições de ensino público sejam ocupadas nesta sexta-feira para reforçar o movimento.

“Surpresos”

Alguns alunos do Colégio Estadual do Paraná souberam do movimento de última hora. Francisco Jonathan Oliveira do Nascimento, de 17 anos, foi um deles.

“Soube do movimento hoje de manhã. Surpreendeu-me bastante. Quanto às expectativas, estou em dúvida ainda, porque nós também vamos perder aula”, ponderou o aluno, que está no último ano no ensino médio. “Esse é um ponto que está em debate no movimento”, completou.

A aluna Keise Dimmer, de 16 anos, só ficou sabendo do movimento organizado pelos estudantes às 5 horas desta sexta, quando acordou, olhou o celular e viu que o grupo de Whatsapp que reúne alunos de sua turma já tinha mais de 400 mensagens comentando o protesto.

Ocupações

As ocupações em escolas estaduais do Paraná começaram na última quarta-feira (5) e fazem parte de “uma corrente nacional de ampla defesa do ensino médio”, conforme apontou Matheus dos Santos, presidente da UPES, referindo-se à proposta de mudança no ensino médio anunciada por meio de Medida Provisória (MP) em setembro.

A reforma prevê a transformação gradual de parte das escolas de ensino médio de tempo parcial para integral, de 4 horas para 7 horas diárias, (no Paraná, das 400 escolas, menos de 10% seguirá esse padrão nos próximos anos), e a chamada ‘flexibilização’ das matérias, ou seja, ao invés de ter 13 disciplinas em quatro horas, modelo usado hoje e criado na época da ditadura, os alunos poderão escolher algumas áreas para se aprofundarem, como ocorre em outros países.

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