Incluída de forma tímida na pauta de reivindicações dos alunos que ocupam mais de 700 escolas no Paraná, a queda na qualidade do ensino médio durante o governo de Beto Richa, pelo menos nas disciplinas de português e matemática, é uma realidade. Depois de ter a melhor nota em 2009 no Ideb, o índice do Ministério da Educação que mede a qualidade da educação básica, as escolas de ensino médio da rede estadual de ensino registraram uma redução no desempenho dos estudantes, com uma leve melhora em 2015.
INFOGRÁFICO: Confira as notas do Paraná nos últimos anos nas avaliações nacionais
LISTA: Confira a nota das escolas do Brasil no Ideb 2015
De 2005 até 2009, o Ideb das escolas administradas pelo Paraná saltou de 3,3 para 3,9. Depois, o índice desceu continuamente até chegar a 3,4 em 2013 e obteve uma leve recuperação em 2015, passando a 3,6.
O Ideb leva em conta as notas tiradas pelos alunos em provas de português e matemática no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e também a taxa de aprovação dos alunos de um ano para outro. O índice não é a única forma de avaliar a educação, mas é um indicador importante. Na média geral do estado, a nota foi maior porque entram na análise as escolas federais e privadas .
“A partir do Ideb é preciso fazer uma avaliação de maneira geral. O que nós sabemos é que a educação está fragilizada por uma série de motivos, desde o econômico até a valorização do professor”, afirma a professora Evelise Portilho, professora de Pedagogia da PUCPR.
Algumas políticas públicas de governos anteriores abandonadas pela gestão Richa são apontadas como possíveis causas dessa queda de performance do Paraná pela professora Mônica Pereira, do Observatório do Ensino Médio da Universidade Federal do Paraná (UFPR). A primeira delas foi o relaxamento da oferta do ensino médio integrado – a adoção da educação profissionalizante integrada com o ensino médio –, que teve grande expansão de 2003 a 2009. Depois, a gestão Richa reduziu drasticamente as iniciativas de governos anteriores que investiram em diversas ações para melhorar a formação dos professores, como a criação do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) e da Universidade do Professor, esta última fechada pela Secretaria de Estado da Educação (Seed) em 2011, durante a gestão do ex-secretário da Educação Flávio Arns.
“Os professores tinham de estudar, escrever livros, que eram revisados na universidade, e aplicar em sala de aula, incidindo na melhoria dos alunos. A diferença da gestão Richa com a dos governos anteriores em formação continuada do professor é brutal. O que a gente vê na gestão Richa é que não permanece nada do que foi criado nos governos anteriores, apenas a participação de uma ação do governo federal para a formação do pacto nacional do ensino médio”, afirma a professora da UFPR.
Procurada, a Secretaria de Estado de Educação não respondeu à reportagem.
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