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Campeões de escolas fechadas, ao contrário do que fez a maior parte do mundo durante a pandemia, os países da América Latina tentam passar por cima de obstáculos para tentar impedir o retrocesso na educação e retomar as aulas. Mas estão ainda muito longe de remediar o estrago educacional e suas consequências sociais e econômicas. Dos 1,2 bilhão de estudantes que chegaram a ficar sem aulas no mundo, 160 milhões estão na região da América Latina e Caribe, segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
O Brasil, por exemplo, fechou grande parte de suas escolas durante quase um ano. Após o recesso de verão, algumas instituições começaram a reabrir, como os colégios estaduais de São Paulo, que retomaram as atividades presenciais com uma capacidade de entre 35% e 70%, em sistema de rotação. As escolas privadas, que concentram 19% dos estudantes de ensino fundamental e médio do Brasil, também estão retomando suas atividades, alternando aulas presenciais opcionais com aulas remotas. Outros estados, porém, ainda estão engatinhando no reinício das aulas.
A suspensão das aulas presenciais também afetou a qualidade da educação de um continente que já apresentava fortes desigualdades. Estudos comprovam a intuição de que os mais pobres são os mais prejudicados com as escolas fechadas. "Meus filhos foram aprovados, porque não havia muita opção, mas a aprendizagem não teve a mesma qualidade do que teria se estivessem frequentando a escola", relata Vânia Ribeiro, uma empregada doméstica com dois filhos adolescentes que estudam em uma escola estadual do interior do Rio de Janeiro.
Já na Argentina, as aulas presenciais de 2020 foram suspensas uma semana após o início. Na semana passada, algumas escolas argentinas iniciaram um plano de retorno gradual às aulas, que deve ser concluído em 8 de março. Mas o temor continua presente neste país que conta 51.100 mortes por coronavírus e mais de 2 milhões de casos.
Presença ou isolamento
A situação no Chile não é muito diferente. O conselho de professores chileno pediu para adiar o início das aulas presenciais para 15 de abril, quando a campanha de vacinação em massa já estiver mais avançada. No entanto, a data de início se mantém em 1º de março, quando cerca de 9 mil colégios - 1.600 deles privados - devem começar o ano letivo sob um modelo híbrido de aulas presenciais, que até o momento são voluntárias, e virtuais.
No Uruguai, por outro lado, o ano letivo começa em 1º março, com presença obrigatória para os alunos da rede pública, apesar dos receios dos sindicatos de professores. Elogiado por suas baixas taxas de contágio na primeira onda, o pequeno país sul-americano chegou a retomar as aulas presenciais voluntariamente desde junho passado, mas muitos pais continuaram optando pelo modo virtual.
Em um caminho parecido está a Colômbia, onde o Ministério da Educação calcula que hoje há aulas presenciais em 60% do país. Este regresso paulatino, que combina aulas físicas e virtuais para quem assim desejar, começou em setembro. Foi interrompido, porém, devido ao aumento de casos registrado em dezembro e janeiro em algumas regiões do país.
Enquanto isso, no Equador, onde as aulas presenciais estão há quase um ano suspensas para 4,1 milhões de estudantes, o que preocupa é especialmente a situação de mais de um milhão deles que não têm computador, ou acesso à internet, em casa.
O Peru também não tem uma data marcada para o retorno físico às aulas, que começará o próximo ano letivo de forma virtual em 15 de março, à espera da evolução da pandemia.
Na Bolívia, as aulas foram canceladas em agosto de 2020 e só estão voltando agora. Entre as justificativas, o governo disse que faltava acesso adequado à internet para estudantes de áreas rurais, o que impossibilitaria aulas on-line.