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Aprendizado começa na mesa: alimentação adequada determina sucesso em sala de aula

Alimentação: essencial para a execução correta das funções cerebrais e dos processos cognitivos ligados à aprendizagem. | U.S. Department of Agriculture
Alimentação: essencial para a execução correta das funções cerebrais e dos processos cognitivos ligados à aprendizagem. (Foto: U.S. Department of Agriculture)

Biscoito ou bisnaguinha? Pão francês ou integral? Suco de caixinha ou leite fermentado? Quem se preocupa com o rendimento escolar dos filhos nem sempre associa o sucesso no desempenho em sala de aula com a alimentação adequada.

Mas o problema surge mesmo quando os produtos processados substituem alimentos naturais, ricos em componentes necessários para a nutrição adequada do organismo. Segundo o IBGE, a situação é grave: a última “Análise de consumo alimentar pessoal do Brasil”, divulgada em 2016, mostra que os alimentos industrializados vêm sendo inseridos cada vez mais cedo na dieta das crianças. Segundo a pesquisa, refrigerantes e sucos artificiais fazem parte da dieta doméstica regular de 33% das crianças. 

Fatores como o baixo custo dos alimentos industrializados e a falta de tempo para cozinhar, devido à rotina intensa de trabalho dos pais, estão diretamente associados às mudanças do perfil nutricional das crianças brasileiras nos últimos anos.

A consequência desta troca recai não só sobre a saúde física, resultando em altos índices de sobrepeso e obesidade infantil (8% nas crianças de 5 a 9 anos), mas também interfere diretamente no desenvolvimento estudantil. 

Comprovação científica 

Um estudo realizado pela Universidade de Ohio, nos Estados Unidos, e publicado na revista “Clinical Pediatrics“, em 2014, mediu o consumo de lanches rápidos (fast food) em mais de 10.000 alunos do ensino fundamental do estado durante três anos. Os testes acadêmicos aplicados após esse período apontaram que aqueles que consumiam fast food diariamente apresentaram rendimento aproximadamente 13% menor em ciências do que aqueles que nunca se alimentavam dessa forma. 

Pontuações mais baixas também surgiram em testes de interpretação de texto e aritmética. A pesquisa mostrou ainda que o aporte nutricional balanceado é subestimado, sendo essencial para a execução correta das funções cerebrais e dos processos cognitivos ligados à aprendizagem da leitura e da escrita nas diferentes fases da vida escolar. 

A relação entre a nutrição adequada e o desempenho escolar também foi investigada por pesquisadores da Universidade de Alberta, no Canadá. De acordo com o estudo, realizado com mais de 4,5 mil estudantes, aqueles com uma alimentação baseada em frutas e verduras apresentaram menor probabilidade de reprovar em testes, quando comparados aos estudantes com alimentação rica em gordura e alimentos processados. 

Obesidade 

O desempenho das crianças é afetado não só pela falta de nutrientes, mas também pela obesidade; estudo realizado por pesquisadores da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) analisou o desempenho de estudantes do ensino fundamental, seu estado nutricional e concluiu que estudantes com excesso de peso apresentaram o pior desempenho em tarefas de escrita e matemática, apontando uma interferência negativa da nutrição inadequada no desempenho escolar. 

Diferentes perfis 

Há 13 anos trabalhando com alimentação infantil, a nutricionista Angela Federau explica que as exigências nutricionais relacionadas ao desenvolvimento cerebral e às funções ligadas ao aprendizado variam ao longo da infância. “Uma criança em idade pré-escolar apresenta necessidades diferentes de um aluno do ensino médio, por exemplo. Nesta fase não é somente o corpo que está se desenvolvendo: o cérebro, a capacidade de concentração e memória, as cadeias neurotransmissoras e tudo o que diz respeito ao aprendizado”, explica. 

Com os mais novos, é preciso uma maior atenção à hidratação e ao volume de fibras e cálcio ingeridos. “O organismo começa a se desenvolver rapidamente, e no auge da fase de crescimento as crianças costumam ter mais fome. Nessas horas é importante garantir que alimentos saudáveis estejam ao alcance das mãos”, diz Angela. 

Dessa forma, para evitar que o desenvolvimento escolar seja prejudicado, é fundamental que os pais estejam atentos e estimulem a ingestão das vitaminas e minerais que participam das reações relacionadas à formação destas estruturas cerebrais.

“As crianças em idade escolar precisam de uma dieta balanceada, pois ela favorece o desenvolvimento intelectual, atuando diretamente na melhora do nível educacional e reduzindo os efeitos dos transtornos de aprendizagem causados por deficiências nutricionais ou distúrbios alimentares”, conclui. 

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