Uma menina de 10 anos com deficiência visual e apaixonada por ouvir pequenas histórias contadas por sua professora despertou um desejo em uma letróloga de Curitiba: gravar a leitura de contos e divulgar os áudios na internet para serem ouvidos por deficientes visuais. Com o “Projeto Raíssa”, cujo nome foi inspirado na menina que vive em Brasília, a letróloga Lis Augusta – profissional especializada em estudos ligados às Letras – divulga os áudios para os deficientes visuais poderem “ler” (ou seja, ouvir) histórias.
Esse projeto começou quando um livro do escritor Luis Gabriel de Sousa chegou às mãos da professora Raquel Miranda dos Santos Silva, que dá aulas para a menina cega, numa turma regular, no Distrito Federal. Ela começava o dia com a leitura de microcontos do autor. Os textos, sobre temas do cotidiano, eram comentados pelos alunos. “A Raíssa era muito tímida e começou a se soltar depois que leu os contos”, diz a professora.
Em 2014, o escritor esteve em Brasília para o lançamento de seu livro e Raíssa foi conhecê--lo. Amiga do escritor, a letróloga Lis Augusta conheceu o trabalho da professora e pensou em ajudar a desenvolvê-lo. “Eu fiquei pensando: mas e depois da aula, quem lê os contos para ela? Por que não gravamos áudios?”, pensou.
O projeto
A ideia começou a tomar forma em maio de 2015. Lis criou um canal no Youtube. Ela usa um celular para gravar as histórias e passa o conteúdo para a internet, com ajuda do marido e do escritor. Agora também grava textos de outros autores e tem novos parceiros: amigos, professores e comunicadores fazem as leituras.
“Fomos atrás do público alvo e recebemos retorno de instituições que adoraram a ideia e até nos sugeriram fazer uma webradio”, o que está em estudo, conta Lis
O projeto foi ampliado para o Facebook Os vídeos do Youtube são compartilhados na rede social. Com a hashtag #ProjetoRaissa no Facebook, interessados em enviar áudios de contos podem contribuir com mais histórias.