Um novo relatório do Banco Mundial detalha a ineficiência do gasto público com educação no Brasil e sugere uma medida tida como controversa no país: a cobrança de mensalidades nas universidades públicas.
O documento divulgado nesta terça-feira, intitulado “Um Ajuste Justo: Análise da eficiência e equidade do gasto público no Brasil”, tem 160 páginas e faz um panorama amplo do orçamento do poder público. A educação é um dos pontos analisados.
“O Governo Federal gasta aproximadamente 0,7% do PIB com universidades federais. A análise de eficiência indica que aproximadamente um quarto desse dinheiro é desperdiçada”, diz o texto.
Universidade pública, de qualidade e paga. Por que não? https://t.co/GIgdC77on5
â Ideias (@ideias_gp) May 29, 2017
O documento informa que 65% dos estudantes de universidades federais pertencem ao grupo dos 40% mais ricos da população. Para o Banco Mundial, o sistema atual acaba por criar “um subsídio regressivo à parcela mais rica da população brasileira”.
O relatório sugere que os estudantes paguem mensalidade ou – no caso dos mais pobres – tenham empréstimos pagos por meio de descontos no salário após a formatura.
“O Brasil já fornece esse tipo de financiamento para que estudantes possam frequentar universidades particulares no âmbito do programa FIES. Não existe um motivo claro que impeça a adoção do mesmo modelo para as universidades públicas”, afirma o texto.
O relatório também sugere a limitação do financiamento a universidades de acordo com o número de alunos.
Para o Banco Mundial, essas mudanças aumentariam a igualdade e gerariam uma economia de pelo menos 0,5% do PIB no orçamento do governo.
Ensino básico
O documento também mostra o alto grau de ineficiência das escolas brasileiras. “Se todos os municípios e estados fossem capazes de emular as redes escolares mais eficientes, seria possível melhorar o desempenho (em termos de níveis de aprovação e rendimento estudantil) em 40% no ensino fundamental e 18% no ensino médio, mantendo o mesmo nível de despesas públicas”, afirma.
O texto também aponta a má formação dos professores como o principal obstáculo a uma educação de qualidade no Brasil. A queda na natalidade, entretanto, é apresentada no documento com uma oportunidade: com menos alunos no futuro próximo, será possível aumentar a seletividade na contratação dos docentes.