Na manhã deste domingo (19), em Atlanta, na Geórgia, Robert F. Smith, um empresário bilionário, discursava em um púlpito ao ar livre no campus da Universidade Morehouse, uma instituição composta historicamente por negros. Em sua frente, estavam cerca de 400 graduandos, na cerimônia de formatura. A surpresa do discurso veio alguns minutos depois, quando anunciou que pagaria a dívida estudantil de todos os alunos.
Leia também: Brasil deve se espelhar em experiências de outros países para melhorar o sistema de ensino
Antes disso, ele contou sobre quando foi transferido para uma escola predominantemente branca, de elite, ao outro lado da cidade em que cresceu, em Denver. “Nunca vou esquecer de subir no ônibus número 13, em direção à Carson Elementary”, ele disse.
“Aqueles cinco anos mudaram drasticamente a trajetória da minha vida. Os professores da Carson eram extraordinários, eles me acolheram e me desafiaram a pensar de maneira crítica, para que eu atingisse meu potencial", disse.
Smith também contou aos formandos como alcançou uma carreira lucrativa. Ele os incentivou com palavras de coragem e sucesso. Depois, o anúncio inesperado:
"Minha família vai pagar suas dívidas estudantis!"
Por um momento, os formandos e suas famílias ficaram mudos. E depois, começaram a gritar e ovacionar Smith.
"Todos ficaram espantados", disse o reitor da Morehouse, David A. Thomas, que só ficou sabendo da doação ao mesmo tempo que os alunos. "Os estudantes olhavam uns para os outros e se perguntavam: 'O que ele disse?'. Os pais começaram a se abraçar."
Ainda não é possível dizer o valor do presente de Smith aos formandos, mas pode se estimar que esteja na faixa de US$ 40 milhões. Havia 396 estudantes na classe.
Há algumas semanas, Smith já havia prometido US$ 1,5 milhão à universidade.
Reação dos alunos
Graduado em Economia, Deionte Jones, 22, cresceu no nordeste de Washington. Ele é o primeiro de sua família a se formar na faculdade, e acabou acumulando cerca de US$ 25 mil em dívidas de empréstimos estudantis. O jovem disse que seus olhos ficaram cheios de lágrimas quando ouviu a notícia de Smith.
"Foi uma sensação de um novo começo na vida", disse ele. “Pode ser desafiador ser afro-americano em nossa sociedade, porque, geralmente, não somos de origem econômica forte. Isso tira um peso enorme das costas da minha família”.
Jason Allen Grant, de 22 anos, que estava no local de formatura desde antes das 6 horas da manhã, disse que já estava ficando cansado dos discursos. Mas quando ouviu Smith dizer algo sobre “eliminação da dívida”, ficou entusiasmado.
"Foi um longo dia", disse Grant, que tem cerca de US$ 45 mil em dívidas de empréstimos estudantis. “Quando ele disse isso eu me animei. Meu pai quase desmaiou”.
Seu pai, funcionário do Sistema de Reserva Federal dos EUA, em Cleveland, estava planejando trabalhar mais 10 anos para conseguir pagar as despesas da faculdade de seu filho. Agora, aos 57 anos, ele poderá se aposentar. "Eu sou um estudante universitário de terceira geração e ainda estamos tendo que pagar empréstimos", disse Grant.
O segundo melhor aluno da turma, Robert James, de 21 anos, disse que não tinha dívida de empréstimo estudantil. Ainda assim, ele, formado em direito administrativo, disse que viu os amigos lutarem financeiramente ao longo dos anos.
"Alguns de meus amigos passaram por dificuldades, e é muito emocionante saber que vão se formar e não terão mais que enfrentar lutas financeiras nesse sentido”, disse James. "É libertador”.
O reitor afirmou que a doação vai permitir aos estudantes seguirem suas carreiras sem serem sobrecarregados pelas dívidas. "Isso lhes permitirá, mais rapidamente, fazer aquilo que amam", disse ele. "Quando você se move em direção a aquilo pelo que é apaixonado, você pode fazer sua maior contribuição para o mundo”.
Com a doação, o bilionário deseja que os estudantes também ajudem outras pessoas, quando tiverem oportunidade. Ele recebeu um título honoris causa no domingo.
Base para o sucesso
No início de seu discurso, Smith disse que obter um diploma universitário é uma das maiores e mais impressionantes realizações na vida de uma pessoa.
"Mas o sucesso tem muitos pais", continuou. “E, por mais que cada um de vocês tenha trabalhado para alcançar o que todos vocês alcançaram hoje, tiveram muita ajuda ao longo do caminho. Somos os produtos de uma comunidade, uma aldeia, uma equipe".
Ele também contou brevemente sobre sua família, dizendo que uma de suas filhas está se formando na Universidade de Nova York, outra está terminando o ensino médio e estudará no Barnard College e sua sobrinha está se formando na Universidade Cornell.
Antes de entrar no capital privado e lucrar, Smith era um engenheiro químico que "passava praticamente todas as horas em laboratórios sem janelas, fazendo o trabalho que me ajudou a me tornar um especialista na minha área". Isso, segundo ele, foi a base para seu sucesso.
“Só depois que dediquei tempo para desenvolver esse conhecimento e a disciplina do processo científico, pude aplicar meus conhecimentos além do laboratório”, disse ele. “A grandeza nasce da rotina. Abrace a rotina".
Ele encorajou os formandos a desfrutar de seus diplomas, mas também falou sobre a responsabilidade de fazer grandes coisas com eles.
"Eu não quero que você pense nisso como um documento que está pendurado na parede e reflete o que você realizou até agora. Não. Esse diploma é um contrato - um contrato social - que exige que você dedique seus talentos e energias para honrar as lendas sobre cujos ombros você e eu estamos".
Ele se despediu com o seguinte conselho: “Aconteça o que acontecer, nunca esqueça de ligar para sua mãe. E eu saliento, ligue, não envie mensagens".
Congresso fecha lista do “imposto do pecado”; veja o que terá sobretaxa e o que escapou
Congresso aprova LDO e permite governo suspender emendas que descumprirem regras
Militares dependem da boa vontade de Moraes para garantir direitos fundamentais; acompanhe o Sem Rodeios
Como funciona a “previdência militar” que o Congresso vai rever