O presidente Jair Bolsonaro criticou nesta segunda-feira (16) a gestão anterior da TV Escola, feita pela Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto (Acerp), cujo contrato não foi renovado pelo Ministério da Educação (MEC). Ele também chamou Paulo Freire de "energúmeno".
"Queriam renovar o contrato da TV Escola, R$ 350 milhões, dinheiro jogado fora", disse Bolsonaro. "Você conhece a programação da TV Escola? Deseduca", continuou. O presidente acrescentou ainda que a antiga programação da TV Escola era "totalmente de esquerda" e promovia a ideologia de gênero.
"Era uma programação totalmente de esquerda, ideologia de gênero, dinheiro público para ideologia de gênero. Então, tem que mudar. Reflexo, daqui a cinco, 10, 15 anos vai ter reflexo. Os caras estão há 30 anos [no ministério], tem muito formado aqui em cima dessa filosofia do Paulo Freire, esse energúmeno, ídolo da esquerda", disse Bolsonaro.
TV Escola na EBC
A Gazeta do Povo apurou que a Acerp tinha proposto ao MEC um contrato de gestão de R$ 559 milhões em 5 anos, dos quais R$ 393 milhões seriam utilizados para a TV Escola e o restante para a Cinemateca. O MEC não concordou com valor e decidiu que o canal passasse a outro órgão do governo federal, provavelmente a Empresa Brasileira de Comunicação (EBC).
O entendimento da pasta era que o contrato com a Acerp, além de caro - em 2019, o MEC destinou R$ 42 milhões à associação -, não trazia bons resultados. O MEC também se incomodava por não possuir o controle da TV Escola, já que o Estatuto previa um Conselho de Administração formado por membros nomeados por diversas entidades, dentre eles representantes do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), da União Nacional de Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e do Conselho Nacional de Educação (CNE). Em resumo, a avaliação da pasta, segundo fontes no MEC, é que a TV Escola estava aparelhada ideologicamente por movimentos de esquerda, sem qualidade nos programas apresentados.