O presidente Jair Bolsonaro afirmou, na manhã desta sexta-feira (26), no Twitter, que o governo estuda "descentralizar investimento em faculdades de filosofia e sociologia" e passar para áreas que "gerem retorno imediato ao contribuinte", como Medicina Veterinária, Engenharia e Medicina.
Leia também: 80% das pesquisas em educação são desconsideradas pela comunidade acadêmica
De acordo com o presidente, em um tuíte posterior, "a função do governo é respeitar o dinheiro do contribuinte, ensinando para os jovens a leitura, escrita e a fazer conta e depois um ofício que gere renda para a pessoa e bem-estar para a família, que melhore a sociedade em sua volta".
Leia também: Na UnB, Haddad diz que Bolsonaro tem medo de estudantes e erra em dados sobre o impacto da pesquisa no Brasil
O anúncio ocorre em meio ao lançamento de uma campanha dos partidos de esquerda pela "Valorização das Universidades Federais", formada pelas deputadas Margarida Salomão (PT-MG), Alice Portugal (PCdoB-BA) e pelos deputados Danilo Cabra (PSB-PE) e Edmilson Rodrigues (PSOL-PA) e apoiada pelos sindicatos, como a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES), o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), a União Nacional de Estudantes (UNE), da Associação Nacional de Pós-Graduandos, da Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (Fasubra).
Leia também: Maria do Rosário cria projeto que diminui influência de Bolsonaro nas universidades
O exemplo do Japão (que não acabou com os cursos de humanas)
Nesta quinta-feira (25), em vídeo gravado com Bolsonaro, no Facebook, o ministro da Educação Abraham Weintraub disse ter sido inspirado no Japão para reduzir os recursos nos cursos de humanas.
"O Japão, que é um país muito mais rico que o Brasil, está tirando dinheiro público do pagador de imposto de faculdades que são tidas como faculdades para uma pessoa que é muito rica ou de elite, como filosofia", afirmou. "Mas pode estudar filosofia? Pode, com o dinheiro próprio".
"Esse dinheiro que vai para faculdades como de filosofia, sociologia, ele [Japão] coloca em faculdades que geram retorno de fato. Enfermagem, [Medicina] Veterinária, Engenharia, Medicina", continuou Weintraub.
O ministro se referiu à atitude tomada pelo Ministério da Educação, Cultura, Esportes, Ciência e Tecnologia do Japão, em junho de 2015, quando enviou uma carta às universidades nacionais (públicas), alertando que elas deveriam incrementar sua eficiência para satisfazer melhor as necessidades do país.
Leia também: Os piores alunos do ensino médio estão se tornando professores. E isso é preocupante
A mensagem pedia um uso mais racional dos recursos e a priorização de áreas estratégicas – se preciso fosse, as universidades deveriam modificar ou até mesmo abolir seus departamentos de ciências sociais e humanidades para economizar.
Mas o governo japonês não acabou com os cursos de humanas. A carta enviada gerou indignação, inclusive, em setores em que o governo esperava mais retorno e, por isso, o Ministério japonês acabou por voltar atrás no pedido.
Em sua primeira entrevista à imprensa, após tomar posse como ministro da Educação, Weintraub disse que não é "contra estudar filosofia", mas questionou: "Imagina a família de agricultores que o filho retorna da faculdade com título de antropólogo? Acho que ele traria mais bem-estar para ele e para a comunidade se fosse veterinário, dentista, professor, médico".
Deixe sua opinião