Em consulta na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) para a escolha de novo reitor, na semana passada, em processo que desafiou determinação do Ministério da Educação, a comunidade acadêmica escolheu, em primeiro turno, a professora Denise Pires de Carvalho, 54, para estar à frente da instituição.
A decisão final, no entanto, será do presidente Jair Bolsonaro (PSL), que receberá, no dia 30, uma lista tríplice do Colégio Eleitoral da universidade com os três nomes mais votados na consulta. A partir dela, Bolsonaro decidirá quem vai assumir a reitoria da UFRJ. Em entrevista ao jornal O Globo, no entanto, Denise afirmou que "Bolsonaro não tem motivo" para não nomeá-la. Se for escolhida, ela será a primeira mulher à frente da universidade.
Nos últimos governos, por tradição, o 1º nome da lista tríplice foi automaticamente escolhido para assumir a reitoria. No início deste ano, no entanto, Bolsonaro anunciou que não adotaria a mesma prática, podendo não escolher o primeiro colocado. Sobre essa decisão, Denise, do Instituto de Biofísica (IBCCF), afirmou ao jornal que está "muito confiante na nomeação" e "não teme".
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Logo após a consulta, ela afirmou também que "essa questão de tentar dizer para a sociedade que a universidade é ideológica, como se ideologia fosse uma coisa ruim" a assusta. A professora também disse que vai "defender a autonomia universitária" e que "nenhuma ideologia deve ser apagada no âmbito da universidade".
Em nota, a UFRJ disse que, "seguindo longa tradição democrática, os conselheiros do colégio, especialmente formado para o processo, costumam levar em conta a vontade popular expressa na pesquisa".
Perfil
Questionada pela Gazeta do Povo sobre o déficit orçamentário da instituição, que está na casa dos R$ 170 milhões, a professora defende "implementar imediatamente uma comissão permanente de orçamento com os melhores administradores da universidade". Para ela, a falta de planejamento adequado foi um dos motivos que levou ao problema.
Sobre o programa "Lava Jato da Educação", Denise afirma que "passa uma ideia errada para a população", e que "é desagradável ouvir falar nisso, como se as universidades fossem antros da corrupção".
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Lista tríplice
A votação foi realizada nas dependências da UFRJ entre os dias 2 e 4 de abril. Três chapas participaram.
Agora, o próximo passo da instituição é elaborar a lista tríplice para enviar ao governo.
"No dia 30, o Colégio Eleitoral da UFRJ, formado nos termos da Lei 9.192/95, se reunirá para formar uma lista tríplice, que deve ser enviada ao Governo Federal para nomeação da Reitoria. Não existe vinculação formal entre a pesquisa e a escolha do Colégio Eleitoral", afirmou a universidade em nota.