Cerca de 540 mil estudantes de 15 anos participaram da edição de 2015, de 72 países ou economias| Foto: Antônio More/Gazeta do Povo

Os resultados do Pisa 2015 não são animadores para a educação no Brasil. Na avaliação internacional, da qual participaram estudantes de 15 anos de 72 nações ou economias, o país continuou entre os piores do mundo nas disciplinas de ciências, matemática e leitura. Se comparado com os números alcançados em 2003 e 2006, há leves melhoras em ciências e matemática, mas nada significativo do ponto de vista estatístico. O levantamento é feito pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

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INFOGRÁFICO: Os números do Brasil no Pisa 2015

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Pisa 2015: Acesse o relatório

Em ciências, disciplina foco do Pisa de 2015, o Brasil ficou em 63º. lugar, com nota média de 401, muito abaixo da média dos 72 países, 493. Houve uma melhora em relação a 2006, quando a nota foi de 390, mas uma queda em relação a 2009 e 2012, anos em que o Brasil chegou a 405.

Em leitura e matemática, disciplinas secundárias neste ano, mas que também foram avaliadas, os estudantes de 15 anos brasileiros também não fizeram melhor. Em leitura, o Brasil alcançou apenas a 59ª colocação, com uma nota média de 407, enquanto que a média das nações participantes do Pisa de 2015 em leitura foi de 493. Apesar de subir 11 pontos de 2000 para 2015, a diferença é muito pequena para os padrões estatísticos da OCDE. Além disso, as notas do Brasil em leitura vêm caindo desde 2009.

Já em matemática o Brasil obteve seu pior resultado, 65º lugar no ranking. A nota média dos alunos brasileiros foi de 377 enquanto que a média dos outros países foi de 490, uma diferença de 113 pontos. Se analisada a evolução histórica do Brasil, houve um aumento de 21 pontos entre 2006 e 2012, mas uma queda de 14 pontos entre 2012 e 2015.

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A prova em números

O Pisa existe desde o ano 2000 e a cada três anos realiza uma bateria de testes, dando ênfase a alguma das três disciplinas, sendo que em 2015 o foco era ciências. Cerca de 540 mil estudantes de 15 anos participaram da edição de 2015, de 72 países ou economias. Do total, 23 mil são de 841 escolas do Brasil.

O perfil típico do estudante brasileiro participante do Pisa 2015 foi do sexo feminino (51,5%), matriculado no ensino médio (77,7%) de uma rede de ensino estadual (73,8%), localizada em área urbana (95,4%) e no interior (76,7%).

Mesmo com o aumento relevante de investimentos em educação, de 32% para 42% da média de gasto por aluno dos países da OCDE entre 2012 e 2015, os resultados do Brasil foram piores se comparados com países como Colômbia, México e Uruguai, com custo médio por aluno inferior. “O Brasil está gastando em educação nas coisas erradas. O país investe mais na universidade, que só alguns conseguem fazer, e gasta menos no ensino fundamental e médio que é o que iria fazer a diferença”, diz Claudia Costin, Claudia Costin, professora visitante de Harvard e ex-diretora de Educação do Banco Mundial.

Para João Batista Oliveira, presidente do Instituto Alfa e Beto, o Brasil insiste em fazer muitas coisas, mas sem qualidade. “A mensagem é clara, apesar do aumento de recursos para educação nos últimos 16 anos, da ampliação do acesso, dos dois anos a mais na pré-escola, a educação no Brasil está estagnada. O Brasil insiste por fazer mais, mas ele precisa fazer reformas nas estruturas, do contrário a educação não vai avançar”, frisa.

Decoreba e problemas de interpretação

Os brasileiros tendem a se sair melhor em questões sobre conceitos ou com múltipla escolha simples porque estão acostumados a decorar ao invés de pensar. Por isso, não costumam obter boas notas no que o Pisa chama de “letramento científico”, a capacidade de pensar cientificamente e aplicar conceitos em problemas reais.

“Isso acontece porque o aluno brasileiro tem uma mistura de não saber pensar cientificamente e de ter dificuldade de leitura e interpretação de texto. Nas questões abertas, outro fator que dificulta é a porque no Brasil nós não trabalhamos suficientemente produção textual nas escolas”, explica Claudia Costin.

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A saída para transformar esse quadro, além de aplicar melhor os recursos, passa por melhorar a formação dos professores. “A grande mudança que a Finlândia fez foi tornar o seu curso de formação de professores profissionalizante, prático, não tanto teórico. É preciso ter coragem de comprar uma briga com as universidades para fazer isso. Outro exemplo é o Chile, que tem um processo de formação de professores muito melhor e um gasto por aluno semelhante ao do Brasil”, continua.

Ao mesmo tempo, é necessário tornar mais atrativa a carreira de professor e selecionar os melhores para essa tarefa. “Hoje quando um aluno entra em Física, em Química, ele não pensa necessariamente em ser professor. Ele só vai para essa carreira, na média, se ele não tiver alternativa e isso é muito triste”, conclui.

Escolas privadas não são muito melhores

O Pisa mostrou também que as instituições particulares não são muito melhores do que as públicas no Brasil. Enquanto que em outros países da OCDE o desempenho de ciências de um aluno de nível socioeconômico mais elevado é, em média, 38 pontos superior no de nível econômico mais baixo, no Brasil essa diferença é de apenas 27 pontos.

Dado positivo

O relatório do Pisa 2015 elogia a expansão das matrículas de jovens de 15 anos de idade no Brasil. Do total, 71% desses adolescentes estão na escola a partir da 7ª série, um acréscimo de 15 pontos percentuais em relação a 2003.

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