Nos últimos quatro anos, piorou a avaliação do brasileiro em relação à qualidade da educação básica ofertada no país. É o que aponta a Pesquisa “Retratos da Sociedade Brasileira - Educação Básica”, realizada em 2017 pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em parceria com o movimento Todos Pela Educação.
O levantamento foi divulgado nesta terça-feira (3), e ouviu duas mil pessoas entre 15 e 20 de setembro do ano passado em 126 municípios pelo Ibope Inteligência.
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De 2013 para 2017, os que consideravam o ensino médio das escolas públicas como “ruim” ou “péssimo” passou de 15% para 26%, respectivamente. Na outra ponta, no mesmo período, caiu de 48% para 31% a avaliação de “ótimo” ou “bom”.
Movimento semelhante obteve a percepção dos brasileiros sobre o ensino fundamental. Nessa etapa, a avaliação “ruim” ou “péssima” saltou de 18% para 27%; enquanto “ótimo” ou “bom” passou de 50% para 34%.
A queda na avaliação positiva não foi exclusividade das escolas públicas. As particulares também caíram de qualidade, mesmo que de forma menos acentuada em relação ao ensino público.
Ensino Médio
No ensino médio particular, o “ótimo” e “bom” variou de 76% para 64% entre 2013 e 2017, respectivamente. No fundamental, a avaliação positiva passou de 75% para 63% entre os mesmos anos.
Um dos motivos para essa análise dos brasileiros pode ter relação com o preparo dos estudantes para o mercado de trabalho, analisou Rafael Lucchesi, diretor-superintendente do Serviço Social da Indústria (SESI) e Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI).
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“A pesquisa reforça a constatação de que educação brasileira precisa se aproximar do mundo do trabalho, preparando o jovem para uma vida social e profissional plena. A reforma do ensino médio deu um passo nessa direção, ao incluir a formação técnica e profissional no currículo regular”, opina Luchessi.
De fato, a pesquisa mostra que os brasileiros têm essa visão. Apenas 12% acreditam que os alunos no ensino médio da escola pública terminam essa etapa acadêmica preparados para o mercado de trabalho.
Em 2013, a avaliação de que o estudante estava bem ou razoavelmente qualificado chegou aos 55%. Além disso, 41% dos entrevistados disseram “ótimo” ou “bom” para a educação profissional integrado ao médio regular. Foi o maior percentual positivo para esse tipo de avaliação.
Ainda de acordo com a pesquisa, a qualidade na visão do brasileiro é equiparada à colocação do país em demais estudos de caráter internacional, sobretudo em proficiência dos estudantes em exames nacionais e internacionais.
O Brasil ficou na 63ª posição em ciências, na 59ª em leitura e na 66ª colocação em matemática, em 2015, no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), coordenado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Relevância da educação, segundo os brasileiros
O estudo também analisou qual o grau de importância que a educação tem na visão dos brasileiros. Segundo os números, 74% consideram que a ineficiência do desenvolvimento de um país está estreitamente ligada à qualidade de seu sistema educacional. Em 2013, esse mesmo item alcançou 61%.
A pesquisa mostrou que quanto maior o grau de escolaridade do entrevistado, mais elevada é a importância dada por ele à educação: 97% dos que possuem ensino superior concordam totalmente ou em parte com a afirmação de que a qualidade do sistema educacional afeta o desenvolvimento do país. Essa proporção cai para 79% entre os que cursaram até a quarta série do fundamental.
O reconhecimento da importância da educação também é comprovado em relação aos impactos positivos sobre a vida do individuo. Sete em cada dez entrevistados concordam totalmente ou parcialmente que quanto mais anos de estudos uma pessoa tiver, maior será sua renda. Além do mais, 71% acreditam que o problema do desemprego do país tem relação direta com sua baixa qualidade educacional.
Essa percepção que relaciona educação e ingresso no mercado de trabalho é maior em grandes cidades ou capitais: nesses lugares, 75% das pessoas avaliam que quanto mais anos de estudos, maiores serão as oportunidades de emprego. Já em cidades do interior, esse percentual cai para 69%.
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