Diversas avaliações de desempenho escolar apontam para o mesmo problema: o ensino de Matemática não é eficiente na educação básica brasileira. O resultado preocupante é comprovado, por exemplo, pelo Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), que coloca o Brasil na 58.ª posição entre 65 países. A avaliação internacional ainda indica que metade dos alunos se vê sob tensão ao resolver os exercícios matemáticos, o que tem impacto direto no desempenho escolar.
Recentemente, uma reformulação do currículo no Paraná priorizou a Matemática e o Português, garantindo mais tempo de aula dessas disciplinas. Contudo, a medida só ajudaria a reverter falhas de aprendizagem se estivesse associada a outras iniciativas. A mais importante delas é a formação continuada de professores, o que favoreceria a criação de aulas mais dinâmicas e atrativas. "Seria desejável que os professores de Matemática criassem em sala de aula um ambiente de desafios, investigações, explorações matemáticas, de modo que os alunos se motivassem a resolver os problemas", comenta a doutora em Educação Cármen Lúcia Brancaglion Passos, professora do Departamento de Teorias e Práticas Pedagógicas da Universidade Federal de São Carlos.
Aliado
Para a mestre em Educação Matemática Sônia Regina Mincov de Almeida, que há 20 anos ensina a disciplina no ensino fundamental, os estudantes querem recursos novos e que estejam de acordo com o que pensam. O uso de jogos matemáticos pode ser um aliado nesse processo de transformação. Ultrapassando a função lúdica, os jogos se mostram ferramentas de construção e de potencialização de conhecimentos matemáticos. "Os jogos ajudam a desmistificar a imagem da Matemática como bicho papão e é uma das metodologias capazes de fazer com o que o aluno comece a gostar e a perceber a Matemática como algo que tem significado", conta.
Um jogo matemático tem a vantagem de não permitir a atitude de conformismo do aluno. "Se o aluno olha para o exercício no papel, pode dizer ah, isso eu não sei fazer e querer desistir. Com os jogos, é incentivada a investigação para a resolução de problemas. O aluno quer ganhar, então tem outra postura perante o obstáculo", diz Sônia, que também é professora do curso de Pedagogia da FAE Centro Universitário. Por lá, universitários repensam a relação estudantil com a disciplina e descobrem o prazer em entender a Matemática usando ferramentas como os jogos, que são adaptados ou criados por eles. É o começo de uma nova geração de professores para crianças que devem crescer sem medo de adições, subtrações, raízes quadradas, fatoriais.