O candidato ao curso de Medicina da Universidade Federal do Paraná (UFPR) que havia conseguido uma liminar da Justiça para ser matriculado resolveu desistir do processo e anular a medida. O estudante César Augusto Chomiski alegou que teria passado no último vestibular da instituição caso não existisse o sistema de cotas, que reservou vagas para determinados alunos.
A família de Chomiski esteve em Curitiba nesta terça-feira para analisar o caso e comunicou pessoalmente à UFPR da decisão. Até agora, cinco liminares já foram negadas por juízes diversos e apenas esta liminar havia sido concedida, mas o mandado de segurança ainda não havia sido entregue oficialmente ao reitor.
Chomiski está na lista de espera do vestibular e possivelmente será convocado na primeira chamada complementar, que deve ser divulgada no dia 22 deste mês. O advogado do candidato, Evaldo Barbosa, orientou-o a ter uma comprovação da UFPR de que seria chamado antes de desistir da liminar. Segundo Barbosa, a universidade teria adiantado que ele será chamado. "Ao que parece, cerca de 22 estudantes serão matriculados por ter sobrado vaga de alguns cotistas que não conseguiram provar a afrodescendência ou que eram de escolas públicas", disse. Se o estudante se matriculasse pela liminar ele ficaria automaticamente fora da lista de espera, e, como a UFPR planejava recorrer da decisão assim que fosse notificada oficialmente, ele correria o risco de perder a vaga. Outra decisão contra o sistema de cotas foi revertida no Tribunal Regional Federal de Porto Alegre em dezembro passado.
Conforme nota divulgada pela UFPR, o reitor Carlos Moreira Júnior e o pró-reitor de Graduação Valdo Cavallet consideram que esta decisão só vem reforçar a importância que o processo de cotas no vestibular da universidade possui e a receptividade positiva que esta ação teve na sociedade.
O vestibular 2005 foi o primeiro na história da UFPR que reservou vagas especificamente para grupos étnicos ou sociais. Em todos os cursos, 20% das vagas foram destinadas a negros e 20% a alunos da rede pública de ensino. As vagas só seriam usadas para outros alunos caso não houvesse número suficiente de cotistas aprovados na primeira fase do concurso.
Confusão
Também em nota divulgada nesta terça-feira, a UFPR tentou desfazer a confusão sobre o desempenho dos candidatos do vestibular 2005. Após a decisão favorável ao estudante Chomiski, vários outros vestibulandos procuraram escritórios de advocacia para tentar entrar na Justiça e conseguir se matricular. O próprio advogado de Chomiski disse ter recebido ligações de estudantes querendo ingressar com ações. "Hoje foi o dia todo! Nós vamos entrar com muito mais ações", adiantou Barbosa. Segundo a universidade, no entanto, é necessário atenção ao analisar o desempenho disponibilizado no site do Núcleo de Concursos da instituição.
No site, cada candidato ao vestibular pode conferir sua pontuação total no concurso e se foi classificado ou não para possíveis chamadas complementares - que convocam alunos caso haja desistência dos aprovados em primeira chamada. O site informa a posição do candidato na lista de espera, mas isso não permite verificar a classificação geral no vestibular. Ou seja, alguém que esteja em 20º na lista de espera e tentou o vestibular para Medicina, que tem 106 vagas para não-cotistas, não ficou necessariamente em 126º lugar no processo seletivo.
Além disso, o Núcleo de Concursos está fazendo um balanço e verificou que muitos candidatos cotistas tiraram notas maiores do que não-cotistas e não precisariam do sistema de cotas para entrar na UFPR. Para Evaldo Barbosa, falta transparência na divulgação dos resultados. "Vários candidatos conseguiram provar que têm notas mais altas do que os cotistas e teriam passado se não existissem as cotas", finaliza.
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