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Capes vai mudar a forma como são avaliados os cursos de pós-graduação no Brasil

Presidente da Capes lembrou que, enquanto nos EUA 80% dos doutores estão nas empresas, no Brasil, 80% dos doutores continuam nas instituições de ensino superior. (Foto: Reprodução / Twitter)

Depois de publicar um vídeo na última sexta-feira (20), questionando a qualidade da pesquisa no Brasil, o presidente da Capes, Anderson Correia, divulgou nesta segunda-feira (23) que a agência irá mudar a forma como são avaliados os cursos de pós-graduação no país.

No Twitter, após afirmar que a quantidade de mestres e doutores no Brasil é alta e que, no país, ao contrário do que ocorre nos Estados Unidos, 80% dos doutores continuam nas universidades e só 20% vão para empresas, ele disse que é preciso mudar “radicalmente” esse cenário.

“Como fazer isso? A Capes – e seus modelos de avaliação – está mudando a sistemática de medir a produção científica cobrando muito mais resultados, produtos como patentes, registro de software, criação de startups, relatórios técnicos e atividades ligadas a empresas e ao setor produtivo”, afirmou.

Para fomentar esse outro perfil de pesquisador, Correia disse que a Capes quer, entre outro meios ainda a ser implantados, fortalecer e aumentar o número de doutorados profissionais, que trabalham “com a indústria, financiamento privado e os problemas relevantes à indústria e à sociedade”.

Até 2022, a Capes quer criar mais 100 doutorados profissionais. Atualmente, são 855 cursos de pós-graduação com mestrado profissional e 34 com doutorado profissional, de acordo com a Plataforma Sucupira.

Muita produção irrelevante

Na mensagem de sexta-feira, usando dados da plataforma Web of Science (veja abaixo), Correia questionou a qualidade da produção científica no Brasil. Hoje, o país ocupa a 13º posição em quantidade de pesquisas (571 mil papers), mas está apenas no 74º lugar em impacto científico, atrás de países como Chile, Argentina, Uruguai e Peru, que investem menos que o Brasil em pesquisa.

Na mensagem, ele frisou ainda que, “na mesma linha de raciocínio”, as universidades estão distantes dos primeiros lugares nos rankings internacionais. “No ranking QS [World University Ranking], por exemplo, nós temos pouco mais de 20 universidades entre as 1.000 melhores do mundo e apenas uma acima da 200ª posição”, afirmou. “Por que chegamos a essa situação? Por que todo investimento que foi feito não foi capaz de subir a nossa produção em qualidade?”, insistiu. No Twitter, Anderson também citou que o Brasil é só o 56º em colaboração da ciência com a indústria.

Hoje, 80% da produção científica no Brasil é produzida dentro dos cursos de pós-graduação que são avaliados e financiados pela Capes. A agência afirmou que ainda esse ano tornará público as novas diretrizes, que estão sendo formadas colegialmente dentro fundação, em debate com os coordenadores das diferentes áreas do conhecimento.

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