O número de robôs em todo o mundo está aumentando rapidamente. Há quem diga que a automação ameaçará mais de 800 milhões de empregos ao redor do globo até 2030. No Reino Unido, acredita-se que os robôs substituirão 3,6 milhões de trabalhadores até lá, o que significa que um em cada cinco trabalhos no país seria realizado por uma máquina inteligente.
Empregos no ensino superior não são exceção – estudos recentes mostram um rápido avanço no uso dessas tecnologias nas universidades. O potencial máximo dessas tecnologias ainda está por ser descoberto, mas espera-se que seu impacto no ensino e na aprendizagem seja enorme. Isso significa que o ensino superior pode ser afetado por essas tecnologias antes de outros setores.
A inteligência artificial está pronta para ter um impacto significativo. E não apenas no ensino e aprendizagem, mas também em toda a experiência do aluno – inovação combinada com processos acadêmicos tradicionais. Isso vai mudar a experiência em sala de aula e o modo como as universidades se comunicam com os alunos, com aulas e registros de notas realizados potencialmente por robôs.
Professores robôs
Para os acadêmicos, essa ascensão da inteligência artificial, da robótica e dos sistemas inteligentes de tutoria pode significar que não basta mais ter a experiência e as habilidades de ensino exigidas. E a já aparente falta de habilidades digitais entre alguns acadêmicos pode tornar mais fácil para as universidades olhar para os robôs como uma alternativa.
“Yuki”, o primeiro professor de robô, foi apresentado na Alemanha em 2019 e já começou a dar aulas para estudantes universitários na Universidade de Marburgo. O robô atua como professor-assistente durante os cursos. Ele é capaz de perceber como os alunos estão se saindo academicamente e de que tipo de apoio precisam. Ele também pode aplicar avaliações. Alguns estudantes acharam Yuki útil – apesar do fato de que ele ainda requer melhorias significativas para ser totalmente funcional.
Espera-se que os robôs, juntos com a inteligência artificial, melhorem o ensino, proporcionando maiores níveis de aprendizado individualizado, notas objetivas e pontuais, bem como a capacidade de identificar áreas de melhorias nos programas de graduação. Isso pode muito bem deixar menos espaço para os humanos realizarem esses trabalhos – e sem dúvida terá um grande impacto no perfil do egresso das universidades.
Isso também pode significar que, quando os robôs entrarem em campo, a pesquisa e a contribuição para a produção de conhecimento podem ser a única maneira de os acadêmicos manterem seus empregos e aumentarem as chances de empregabilidade, permanência e desenvolvimento de carreira.
Pesquisa do futuro
De acordo com o último relatório do Research Futures da Elsevier e da Ipsos MORI, o ecossistema de pesquisa terá mudanças significativas no futuro graças às novas tecnologias – em termos de publicação de acesso livre, oportunidades de financiamento e ligações com o setor de tecnologia. O relatório também sugere que países orientais como a China terão um foco maior em pesquisa e desenvolvimento.
A velocidade e o volume da pesquisa também mudarão drasticamente. A análise de grandes dados e a inteligência artificial poderão apresentar uma grande quantidade de descobertas diretamente aos pesquisadores em um ritmo muito rápido. E prevê-se que haverá também um movimento em direção a um sistema mais aberto em termos de financiamento, coleta de dados e publicação de artigos de acesso livre.
Assim, para os acadêmicos, pode ser que um movimento em direção à produção de conhecimento através de pesquisa, em vez de ensino, possa ser o melhor caminho para a sustentabilidade do trabalho no ensino superior em um futuro próximo.
Isso pode significar que, para os acadêmicos, será mais importante do que nunca se concentrar na pesquisa. E embora isso possa liberar os acadêmicos para usar seus conhecimentos em benefício da sociedade, resta saber se os robôs poderão inspirar a próxima geração da mesma maneira.
*Nisreen Ameen é professora de Tecnologia da Informação na Queen Mary University of London.
Tradução de Janaína Imthurm.
©2019 The Conversation. Publicado com permissão. Original em inglês.