Um programa desenvolvido em parceria entre a Universidade de Stanford o Centro Lemann busca promover a formação de professores brasileiros com abordagens inovadoras de ensino e aprendizagem de matemática. O Programa de Especialização Docente (PED) foi trazido para o Brasil em 2016 para fomentar a formação de educadores voltados para a área da matemática, que agora estão multiplicando os conceitos e práticas propostos.
A nova abordagem já está entrando na sala de aula e alterando a relação dos alunos com a matemática. Uma das inovações é mudar o modo como os estudantes enfrentam o erro; antes algo a ser evitado, agora ele é valorizado. “O erro faz parte. É natural as pessoas errarem e estamos mostrando que nenhum deles precisa ter medo de errar. Isso tranquilizou muito os alunos e fez com que perdessem a resistência em relação à matemática”, afirma Fabiana Damas, professora do 2º ano do Ensino Fundamental do Colégio Positivo Internacional.
Segundo ela, é necessário mostrar para os estudantes que eles podem errar e que é possível aprender mais com o erro do que com o acerto. “Quando você erra, fica alerta, tenta descobrir onde foi que errou e o que é necessário para não repetir o erro”, ressalta Fabiana.
A mudança no modo de encarar o erro também é um desafio para os professores, que passam a repensar seus processos de ensino.
“A matemática é uma ciência exata, pois ela sempre tem um resultado padrão, mas posso tomar caminhos diferentes para que possa chegar nesse resultado. Percebemos que o professor estava muito preso a uma resposta final e não compreendia o desenvolvimento do raciocínio do aluno até chegar a essa resposta. Quanto maior a diversidade na turma de caminhos diferentes que levem a esse resultado final, mais rico é o nosso aprendizado”, avalia a professora Marilda de Souza Fagundes, assessora do Programa de Especialização Docente (PED) Brasil nos Colégios Positivo.
Cada vez mais acadêmicos defendem a tese de que a disciplina privilegia os estudantes com base na etnia. Via Ideias
Publicado por Gazeta do Povo em Sábado, 9 de dezembro de 2017
As novas abordagens de ensino ressaltam a importância de criar condições para que todos os alunos se desenvolvam, cada um no seu tempo.
“Estamos tentando criar em sala de aula a mentalidade de que o exercício ou atividade só acaba quando todos terminam. Quem chega ao fim primeiro não pode anunciar o resultado para não desestimular os demais colegas. A perspectiva dos alunos deve sempre visar o coletivo e nunca o individual, para que possam estimular e ajudar os outros”, explica Marilda.
Essa mudança de perspectiva procura evitar descompassos entre os alunos. Para que todos tenham a oportunidade de desenvolver habilidades, a rapidez deixou de ser algo desejável ou valorizado .
“Antes, os alunos acreditavam que ser rápido para resolver a questão era sinônimo de ser bom. O tempo é relativo e cada um tem o seu ritmo. Um estudante pode levar mais tempo para chegar ao resultado e ter o raciocínio tão bom quanto aquele que terminou antes”, diz Marilda.
Segundo ela, essa perspectiva é importante nos trabalhos em grupo, nos quais os alunos colaboram com papéis claros para chegar ao objetivo da atividade. “Temos um método em que falamos para os alunos que numa tarefa em grupo, ninguém termina enquanto todos não terminam”, explica.
A motivação dos estudantes é o objetivo em atividades mais dinâmicas, desenvolvidas em grupo, longe do padrão de ensino tradicional de matemática. “Descobrimos que os alunos, em atividades em grupos, dentro das habilidades que cada um tem, conseguem desenvolver juntos situações de matemática que o professor proporciona”, destaca Marilda. “Cada aluno consegue chegar a um resultado de matemática de uma forma diferente. É isso que o professor precisa ter em mente. Deixar a matemática mais atrativa para o aluno.”
Para o chefe do Departamento de Matemática da UFPR, José Carlos Eidam, tanto o trabalho em equipe quanto a dedicação são pontos chave para o desenvolvimento, não só de atividades na sala de aula, mas de toda a matemática. “Grandes problemas da matemática levaram mais de 100 anos para serem resolvidos e a solução não foi encontrada por apenas uma pessoa”, ressalta.
Nesse sentido, o papel do professor é essencial para que os alunos se interessem mais pela disciplina, aproximando o conteúdo da realidade dos estudantes. “Acho que formar bons professores, que atraiam os alunos, é uma tarefa fundamental e árdua”, diz Eidam. “É fundamental, também, formar profissionais atentos à linguagem do estudante”, conclui.
Um dos objetivos é âromper com os moldes da educação reprodutora do racismoâ. O que você acha da ideia? Via #Educação
Publicado por Gazeta do Povo em Terça-feira, 17 de outubro de 2017