Os franceses torcem o nariz para qualquer tentativa de ferir a igualdade dos cidadãos – como reservar vagas em universidades públicas para um determinado grupo da população. Mesmo assim, o disputado Instituto de Estudos Políticos de Paris, um dos mais renomados na Europa, adota um sistema de cotas peculiar desde 2001 que, entre elogios e críticas, conseguiu incluir no seu curso estudantes de famílias de menor renda selecionados pela situação geográfica de moradia do candidato.
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Funciona assim: para entrar de forma tradicional no Instituto, os alunos passam por um exame escrito e oral, mas alunos de cerca de 100 escolas escolhidas pelo governo por estarem situadas em regiões de maior vulnerabilidade social podem entrar por um processo alternativo, menos exigente. Quando o programa começou, alguns tentaram incluir a diversidade étnica e racial entre os motivos pelos quais um estudante teria direito a entrar de forma mais fácil no Instituto, mas essa proposta não prosperou.
“A Constituição francesa estabelece que não deve haver discriminação com base na raça ou etnia”, explicou Agnes Van Zanten, socióloga do Instituto e pesquisadora nas áreas de educação e equidade, em entrevista para o The Week. “A ideia é a de que mesmo a discriminação positiva é uma forma de discriminação”, completou.
Mesmo sem cotas raciais, as vagas reservadas para alunos de baixo nível aquisitivo ainda são polêmicas pela tradição francesa de tratar a todos com isonomia. Além disso, apontam os críticos da medida, escolher como variável a ‘situação geográfica’ não inclui necessarimente os estudantes de classes mais baixas, porque no país há menor concentração de pobreza em bairros em comparação com outros países, como Brasil e Estados Unidos. Na entrevista à The Week, Van Zanten declarou que por esse motivo nem sempre as pessoas que têm se beneficiado dessa política são as mais necessitadas.
Desde 2001, cerca 1600 estudantes foram admitidos no Instituto pela cota por ‘situação geográfica’.
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