Um grupo de estudantes de graduação e pós-graduação foi responsável por ataques a quadros que têm como tema o Padre Antônio Vieira na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) - as obras, que estavam expostas nos corredores da instituição, foram censuradas pelos alunos.
Estudantes do curso de História da universidade consideraram o ato como uma manifestação contra o “colonialismo” e “racismo” do Padre Antônio Vieira. Os quadros fazem parte do acervo da instituição há pelo menos três décadas.
Repercussão
No Facebook, um professor do Departamento de História classificou a ação dos alunos como um “evento emblemático” e afirmou que “o pensamento conservador, colonialista e racista de Antonio Vieira” não representa a comunidade universitária.
“Gostei da atitude dos alunos! Vivemos momentos de descolonização do pensamento e de crescimento da consciência étnica de nossa população. Antônio Vieira, como um representante do colonialismo, tinha uma posição ofensiva em relação aos negros e índios”, defendeu.
Alunos e ex-alunos demonstraram apoio ao posicionamento do professor. “É de extrema importância um posicionamento como o seu, professor! Chegou a hora da insurreição!”, comentou um estudante do curso de Ciências Sociais da instituição na postagem.
“Amei. Parabéns aos alunos. Na nossa época de estudantes queríamos fazer e nos furtamos... No máximo jogamos tinta no relógio dos 500 anos...”, completou uma ex-aluna da universidade.
Procurada pela Gazeta do Povo, a UFES se limitou a dizer que não recebeu nenhuma denúncia formal, mas que está apurando os fatos.
“Sobre a suposta ação de estudantes em relação a quadros do Pe. Antônio Vieira nos corredores do prédio IC-III, a Administração Central da Ufes informa que até o momento não recebeu nenhuma denúncia formal, mas que está apurando os fatos", disse a instituição.
Personagem
Padre Antônio Vieira foi um filósofo e escritor jesuíta que veio ao Brasil como missionário durante o período colonial. Uma das figuras mais influentes do século XVII, o clérigo liderou missões de catequização e ensino da língua portuguesa a povos indígenas brasileiros.
Seus sermões ganharam destaque por criticarem o autoritarismo dos portugueses, as violências sofridas pelos índios e a Inquisição da Igreja Católica - hoje eles são considerados algumas das obras literárias mais importantes da literatura em língua portuguesa.
Além disso, quadros com seus retratos e das suas missões também constituem o legado artístico brasileiro da época.
CONTROVÃRSIA Para seus defensores, ele se tornou referência por seus esforços em corrigir os Ãndices elevados de...
Publicado por Gazeta do Povo em Quinta-feira, 4 de janeiro de 2018