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O professor Miranda Neto explica que os cadáveres chegam à universidade por duas vias. Primeiro, pelo IML. Depois, por doação.
Nas mãos da ciência
Saiba quais são os benefícios da doação de corpos, segundo a Sociedade Brasileira de Anatomia (SBA):
1. Contribuir para a melhor formação técnica dos profissionais da saúde;
2. Colaborar para a formação humanista dos estudantes;
3. Permitir o desenvolvimento de novas técnicas cirúrgicas que possam ser mais eficientes e menos invasivas;
4. Possibilitar o estudo e o conhecimento das variações anatômicas existentes nos indivíduos;
5. Ajudar no desenvolvimento das pesquisas médico-científicas.
A SBA deixa disponível em seu site um modelo do Termo de Intenção de Doação para download. Caso se arrependa, o interessado em doar seu corpo pode revogar a validade do documento quando quiser.
Apesar da sofisticação dos softwares e moldes de resina atuais, não existe melhor forma de aprender anatomia do que o contato direto com um corpo humano real. A afirmação é unanimidade entre profissionais da área de saúde. Aos alunos, cabe a tarefa de superar temores e aprender a estudar cadáveres com o respeito e a dedicação necessários de quem trabalhará pela saúde por toda a vida.
A disciplina de Anatomia Humana é obrigatória em praticamente todos os cursos ligados às Ciências Biológicas. Além dos futuros médicos, os estudantes de Odontologia, Farmácia, Enfermagem e Educação Física são outros que usam em suas aulas órgãos humanos preservados com formol ou corpos inteiros, usados para dissecação.
Livros, réplicas e programas de computador em 3D são um valioso auxílio nas aulas teóricas, mas entre os estudantes é inegável que o ápice da disciplina é o contato com os corpos. "É muito diferente olhar um músculo no cadáver e num livro. No corpo é possível notar as características de cor, profundidade, textura, disposição anatômica. Informações que fazem toda a diferença", diz Mathias Augusto Ramos Lima, 21 anos, aluno do segundo ano do curso de Medicina da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).
Ele conta que durante todo o primeiro ano a carga horária da disciplina é intensa, com visitas quase diárias aos laboratórios. Os cinco cadáveres disponíveis para o curso eram usados por até 11 alunos, uma proporção considerada satisfatória pelo estudante. "Sabemos de universidades onde o número de corpos é bem menor e estão menos conservados", conta. Segundo Lima, a preservação feita com glicerina, e não formol, é o que ajuda a manter os cadáveres em melhor estado.
Sobre a importância do contato dos universitários com cadáveres, o professor de Anatomia Humana da Universidade Estadual de Maringá (UEM) Marcílio Hubner de Miranda Neto é enfático. "Não existe nada mais semelhante a ser humano vivo do que um ser humano morto", insiste. Segundo o professor, aprender as relações de vizinhança entre órgãos e tecidos é tão importante quanto saber o papel de cada um isoladamente. E isso só é possível ver num corpo humano inteiro.
Como os cadáveres chegam à universidade
O professor Miranda Neto explica que os cadáveres chegam à universidade por duas vias. Primeiro, por meio do Instituto Médico Legal (IML), no caso de cadáveres não reclamados por familiares ou amigos. De acordo com a Lei n.° 8.501, de 30 de novembro de 1992, esses corpos podem ser utilizados para o ensino e pesquisa. No Paraná, há uma comissão com representantes de várias universidades que se comunicam para organizar a sua distribuição.
O outro meio para que os cursos de saúde recebam cadáveres é por doação. Qualquer pessoa, com mais de 18 anos, pode determinar em vida que seu corpo seja entregue a uma instituição de ensino com o preenchimento de uma declaração simples, reconhecida em cartório, e com o prévio contato feito com a instituição para a qual o corpo será encaminhado. Se após a morte não houver documento que comprove a intenção, a decisão cabe à família.
Segundo a Sociedade Brasileira de Anatomia (SBA), há alguns anos as universidades brasileiras enfrentam dificuldades em obter corpos para estudo. Entre os motivos estariam o grande aumento no número de faculdades, a progressiva diminuição de cadáveres não reclamados e a falta de informação das pessoas sobre a possibilidade da doação. Para resolver o problema, a instituição tem investido em campanhas periódicas que defendem os benefícios da doação de corpos para a universidade e explicam aos interessados como proceder.
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