De abril e junho deste ano, quando a greve de professores e servidores estaduais, motivada pela busca de melhores condições de trabalho, atrasou o ano letivo de quase um milhão de estudantes paranaenses, política esteve entre os assuntos mais discutidos quando a rotina do Colégio Estadual Prof. Elysio Vianna, no bairro Guabirotuba, foi reestabelecida. “Os alunos queriam entender os motivos da paralisação e, durante as conversas, debatemos o direito à manifestação. Discutimos que podemos reivindicar se dermos o exemplo. A corrupção, por exemplo, só pode ser combatida se impedirmos que as pequenas infrações sejam praticadas no dia a dia”, conta Luciane Costa, professora de Língua Portuguesa, responsável pelo trabalho.
Para aproximar os 70 estudantes do 6.º ao 8.º anos do assunto, ela propôs uma reflexão sobre atitudes no ambiente escolar que poderiam ser vistas como pequenas corrupções. Emprestar o material do colega sem pedir, furar fila, colar na prova, copiar conteúdos na íntegra da internet e utilizar a vaga destinada a idosos, gestantes ou pessoas com deficiência, por exemplo, foram alguns dos apontamentos.
Para qualificar o trabalho, o jornal foi utilizado semanalmente, facilitando a compreensão de temas e funções políticas. “Os alunos conheceram mais sobre os poderes legislativo, executivo e judiciário e entenderam as funções de cada um. Dei as aulas aproveitando também o livro didático, mas, com certeza, os conteúdos ficaram mais ricos com o auxílio do jornal”, conta Luciane.
Desde o ano passado, a escola participa do Ler e Pensar, recebendo edições diárias da Gazeta do Povo graças ao apoio do Jacomar.
Samira Fernandes Ramos, de 11 anos, estuda no 6.º ano e lembra que uma reportagem a fez conversar com a mãe, empregada doméstica. “Por lei, ela precisava ter a carteira assinada. Conversei com ela, que falou com a patroa. Agora, ela trabalha registrada e minha mãe ficou orgulhosa de mim”, conta.
Mobilização
O tema despertou tamanho interesse dos estudantes, que eles se organizaram e produziram panfletos, cartazes e faixas, a fim de estimular a reflexão em mais membros da comunidade escolar. “As turmas se ajudaram e juntas confeccionaram os materiais. Com o trabalho, eles passaram a incentivar o combate à corrupção por meio de pequenas ações”, conta a professora. Dia 3 de outubro, um evento na escola reunirá as famílias e as produções serão apresentadas.