Para as Eleições 2018, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) recebeu 1.092 pedidos de registros de candidaturas para utilizar palavras relacionadas à profissão “professor” na urna eletrônica.
O número é 17,1% superior ao contabilizado em 2014, quando 932 candidatos optaram por utilizar termos referentes à ocupação profissional. O levantamento foi feito com base no Sistema de Divulgação de Candidaturas (DivulgaCand 2018).
O crescimento ocorreu mesmo com o resultado desanimador para quem decidiu se identificar como professor em 2014: na última eleição, apenas 15 foram eleitos, ou seja, só 1,6% daqueles que optaram pela nomenclatura.
A quantidade de registros ainda pode sofrer alterações para 2018 porque a Justiça Eleitoral tem até esta segunda-feira (17) para analisar todos os pedidos de candidaturas. Em 2014, dos 932 professores que se registraram, 101 sofreram baixas por descumprimento da legislação.
De acordo com o artigo 12 da Lei Eleitoral n. 905, de 1997, é permitido o uso da profissão do candidato. O trecho diz que o candidato poderá indicar “prenome, sobrenome, cognome, nome abreviado, apelido ou nome pelo qual é mais conhecido, desde que não se estabeleça dúvida quanto à sua identidade, não atente contra o pudor e não seja ridículo ou irreverente, mencionando em que ordem de preferência deseja registrar-se”.
Tendência e linguagem
Indicar que é professor na urna não é um caso isolado da classe. Isso também acontece com diversas outras ocupações, como no caso daqueles que possuem títulos religiosos; foram 521 pedidos de registros, a exemplo de freis, padres, bispos, pastores, profetas, apóstolos e missionários. O mesmo ocorre com os militares, que em 2018 somam 990 pedidos de candidaturas.
Para a doutora em estudos de linguagem, Suzana Vitorin, o uso de termos relacionados à profissão é uma tentativa de aproximação com eleitores que podem se identificar com causas relacionadas à ocupação do político.
Ao usar essa identificação, o seu discurso tende a ser trabalhado com bandeiras de luta alinhadas com a educação, que costuma sempre parecer como uma das maiores preocupações dos brasileiros.
Já o cientista político César Cândido Gomes analisa que o crescimento no número de candidatos com a identificação de “professor” na urna pode ter relação com a estratégia de captação de eleitores que se sentiram revoltados com recentes ataques administrativos ao setor.
Tivemos nesses últimos quatro anos pautas que afetaram diretamente a educação, como o corte de verbas para pesquisas, bolsas e outras formas de apoio à ciência. E isso não ocorreu somente em escala federal, mas também estadual.
Aumento em todos os cargos
O levantamento verificou que, com exceção para disputa para governador, houve crescimento do número de candidaturas de “professores” para todos os demais cargos. A maior variação proporcional ocorreu na disputa para o Senado e Câmara dos Deputados – 50% a mais, cada.
Quanto ao gênero, o maior crescimento foi de candidatos do sexo masculino: os pedidos de registros de professores aumentaram 22,2%, passando de 630 para 770 em quatro anos. Já a quantidade de mulheres professoras subiu de 302 para 321 (6,9%).
As mulheres também são minoria em todos os cargos. A maior diferença proporcional está na disputa para deputado estadual: são 209 professoras contra 519 professores. Também houve aumento na representação de partidos. Enquanto em 2014, os 932 registros abrangiam 28 siglas; em 2018, 33 legendas são representadas pelas 1.092 candidaturas registradas.
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