Como numa cena de filme hollywoodiano, a brasileira Camila Yumi Iwamura ouviu que "se você não fizer parte de uma fraternidade não vai ter amigos, não vai ser ninguém" assim que chegou à Augustana College, em Illinois. Ela é uma das 21.911 contempladas do Ciências Sem Fronteiras que escolheram os Estados Unidos (EUA) como destino. O programa é um dos principais responsáveis pelo aumento no número de intercambistas que transformaram o Brasil no 10.º maior exportador de alunos para universidades norte-americanas. Em 2014, o número de brasileiros que foram estudar no país subiu 22% em relação ao ano anterior, mostra o relatório Open Doors, divulgado pela Missão Diplomática dos EUA no Brasil, em novembro.
O documento diz que os EUA receberam 886 mil estudantes estrangeiros neste ano, 66 mil a mais a mais do que em 2013. Ao todo, 13,2 mil brasileiros estudam no país.
Para atrair talentos e ampliar o acesso de estrangeiros à cultura norte-americana, o governo dos EUA mantém escritórios em todo o mundo que orientam gratuitamente o estudante interessado em fazer um curso universitário no país. "É estratégico para a diplomacia deles, porque você conhece o país e volta defendendo-o. Além disso, estes alunos consomem, vão ao teatro e fazem a economia girar", explica a professora Areta Galat, orientadora do Education USA, um dos escritórios oficiais vinculados ao governo norte-americano, e que funciona dentro da FAE Centro Universitário.
Experiências
Quando Camila chegou ao final do intercâmbio, a estudante teve uma oportunidade dos sonhos: um estágio em Nova York. Chegando lá descobriu que a empresa não tinha escritório, era home office, e o seu apartamento não tinha internet. Optou então em pleitear um trabalho na antiga universidade, fazendo sites para empresas locais. Como resultado ela trouxe na bagagem dois portfólios impressos, e a experiência de ter vivido um típico trabalho de verão nos EUA.
Já Marcel Jagnow, aluno de Engenharia Florestal da UFPR, e que está nos EUA para estudar, destaca que sentiu as diferenças culturais quando chegou à Northern Arizona University, na costa oeste norte-americana. Acolhido por outros estudantes internacionais, ele teve de se acostumar com o excesso de fast food e outras situações inusitadas, como a arquitetura dos banheiros. "As divisórias começam quase no joelho e as vezes é complicado, você sente que todo mundo pode ver muita coisa", brinca.
Do outro lado do país, na University of Georgia, em Atlanta, João Osvani, colega de Marcel na UFPR, conta que a acolhida foi tranquila e o clima não é muito diferente do curitibano. Mas também reclama da alimentação. "Não é normal comer bacon logo cedo", diz.