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Criacionismo e evolucionismo: uma conciliação possível nas escolas?

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(Foto: Bigstock)

De tempos em tempos, o debate envolvendo criacionismo e evolucionismo nas escolas ganha novo fôlego e volta a ocupar a agenda de educadores de todo o mundo. Uma das discussões mais recentes é a levantada pelo Conselho de Educação do Texas, nos Estados Unidos, que pediu alterações no currículo de Biologia do estado para que os estudantes não sejam obrigados a aprender sobre fenômenos científicos não totalmente esclarecidos na teoria de Darwin.

Aprovada na versão preliminar, a mudança é contestada por alguns membros do conselho, que sugerem que a alteração abriria brechas para o ensino do criacionismo nas escolas. O tema ainda voltará a ser discutido pelo grupo.

No Brasil, iniciativas envolvendo o ensino da teologia da criação na educação básica também já ocuparam a pauta política. Em 2014, o então deputado estadual Artagão Júnior apresentou à Assembleia Legislativa do Paraná um projeto de lei para tornar obrigatória a inclusão de conteúdos sobre o criacionismo nas escolas. Na ocasião, a Secretaria de Estado de Educação (Seed) se manifestou solicitando à Casa que impedisse tal obrigatoriedade. Na mesma época, projeto similar foi proposto pelo deputado federal Marco Feliciano ao Congresso Nacional – a tramitação está parada desde 2015.

O ponto central das discussões, no entanto, está no fato de como tratar do evolucionismo sem ferir as crenças religiosas dos alunos e seus familiares? Há como equacionar a apresentação da teoria darwinista e da teologia da criação?

Pontos de vista

Para boa parte da comunidade científica e da própria sociedade, a resposta é negativa e se baseia, principalmente, em argumentos que remetem à laicidade do Estado e à falta de comprovação científica dos eventos propostos pelo criacionismo.

De outro lado, muitos religiosos defendem que há, sim, como equacionar as duas abordagens sobre a criação e evolução do mundo e dos seres vivos. Para isso, no entanto, seria preciso que elas fossem entendidas como complementares, e não como verdades absolutas.

“Quando se trata de educação, e até de outros níveis de discussão científica, creio que se deveria respeitar a ciência e a religião, com suas narrativas, como campos de conhecimento que não devem ser tomados como únicos”, defende o Dr. Pe. Marcial Maçaneiro SCJ, professor da pós-graduação em Teologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), nas áreas de Teologia Fundamental e Sistemática.

Nesta linha, o professor acredita que o grande desafio está em fazer com que as pessoas entendam que o fato de o evolucionismo e a teologia da criação representarem conhecimentos distintos não significa que eles se anulem. “As duas devem ter uma agenda de convergência para que o ser humano se eduque de forma integral”, completa.

A busca por tal entendimento, mesmo presente, parece não encontrar espaço nas agendas políticas e educacionais. Prova disso são as discussões referentes ao texto da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), documento que irá nortear a educação básica das redes pública e privada no país. Em fase de finalização, o texto não contempla, até sua segunda versão, conteúdos relacionados ao criacionismo.

O documento especifica que o ensino da Biologia, para os estudantes do ensino médio, por exemplo, deve considerar a derivação genética e a teoria da seleção natural, proposta pelo naturalista britânico Charles Darwin.

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