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Conhecido por ser um político engajado nas causas educacionais, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) já foi ministro da Educação na primeira gestão do presidente Lula. Atualmente é membro da Comissão de Educação e Cultura do Senado Federal. Na opinião de Buarque, o projeto de lei de sua autoria é um ponto positivo para a cultura brasileira e irá contribuir para a formação de frequentadores da produção do cinema local. Leia abaixo trechos da entrevista concedida à Gazeta do Povo, por telefone, na semana passada, enquanto esteve em viagem a Paris, na França.

Qual o objetivo desta proposta?

O cinema ajuda a tornar a escola mais agradável para as crianças, que hoje têm o pensamento basicamente audiovisual. Além disso, ao passar filmes nacionais em todas as escolas vamos ajudar a promover uma área da cultura nacional, que é o cinema, formando frequentadores.

Há produção nacional suficiente para transmitir a essas crianças?

Claro que sim. Tem muitos filmes de curta-metragem que estão escondidos, que ninguém está vendo. Quando esgotar o acervo brasileiro daí pode-se permitir que sejam exibidos filmes estrangeiros.

Alguns educadores acham que falta preparação dos profes­sores. O senhor concorda?

Vamos supor que seja verdade. E é correto sacrificar o aluno por falta de formação dos professores? Isso é o que está ocorrendo hoje em algumas escolas. Não é o certo, mas sim formar professores e proporcionar que a criança assista ao filme. Mesmo que a criança veja um filme sem a análise do professor, isso já é um avanço.

Por quê?

Porque assistir a um filme, uma peça de teatro ou um concerto de música são fatos da cultura positivos, mesmo sem que alguém esteja junto fazendo análise. Não me lembro de ter tido professor de cinema no meu tempo de escola. Mas ia ao cinema desde pequeno.

Por que a ênfase pela produção nacional?

Se a gente não colocasse a ideia do nacional, não se criaria o gosto pelo que é nacional e os filmes exibidos seriam na sua maior parte de violência e com apelo de mercado.

Creio que, se é na instituição brasileira, vamos dar preferência aos filmes brasileiros.

Quem vai escolher os filmes a serem exibidos?

Os professores. Imagino que professores de Língua Portuguesa escolhem livros cuja linguagem esteja de acordo com a idade da criança. A escola não poderá burlar a classificação etária dos filmes para o cinema.

Todas as escolas têm condições físicas para exibição de filmes?

Vamos supor que nenhuma tenha. A gente precisa fazer a lei para que as escolas criem essas condições.

Sem tornar a obrigatório não tem como. A gente cria a lei e a estrutura vai aparecendo. Não é preciso esperar as coisas para fazer acontecer, muito pelo contrário.

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