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Comportamento

Crianças trocam de escola no meio do ano letivo

Maria Fernanda (à frente, no centro) em seu primeiro dia na escola nova: mudança por ideologia dos pais | Daniel Derevecki / Gazeta do Povo
Maria Fernanda (à frente, no centro) em seu primeiro dia na escola nova: mudança por ideologia dos pais (Foto: Daniel Derevecki / Gazeta do Povo)

As férias escolares nem tinham começado e Giulia Pimenta, 8 anos, experimentava outra escola em menos de um ano. A tentativa da família era que a adaptação ocorresse antes do retorno das aulas no segundo semestre. Já Maria Fernanda Ramos Bacellar, 7 anos, viveu ontem o seu primeiro dia de aula em ambiente novo e a troca ocorreu por opção dos pais. Por ter mudado de bairro, a família de Gabriel Strauhs, 4 anos, também não teve como esperar o término do ano letivo. Na semana que vem o menino retorna às aulas em escola diferente da que estava há dois anos.

As histórias acima mostram que passado um semestre, a troca de instituição é a melhor saída encontrada por famílias cujas crianças que não se adaptaram à escola, seja por problemas de relacionamento, desempenho escolar ou questões de localização ou econômicas. Mas até que ponto essa mudança pode melhorar ou atrapalhar a vida escolar?

Na opinião de especialistas, essa alteração deve ser analisada com cautela, pois o ideal é que o ciclo do ano letivo seja concluído. Para a psicopedagoga Sabrina Guetta Gelhorn a troca de instituição depende do que está ocorrendo com cada criança ou adolescente. "Tem que ser algo muito grave, em que a criança esteja sofrendo muito e o problema vai demorar a ser resolvido", diz. Já a professora do curso de Pedagogia e do Programa de Pós-Graduação da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Joana Paulin Romanowski, ressalta que é preciso analisar o que está por trás desse desejo de mudar. "Quando não há alternativa, como mudança de residência ou por questões econômicas, tudo bem. Mas se tem outras questões por trás disso, é melhor analisar com profundidade o que está ocorrendo", explica.

No caso de Giulia, as mudanças foram intensas nos últimos oito meses, período em que ela trocou de país, pois antes morava nos Estados Unidos e teve de enfrentar a adaptação em duas escolas diferentes. De acordo com a sua mãe, a publicitária Patrícia Pi­­men­­ta, 37 anos, a filha não conseguiu estabelecer um bom relacionamento com os colegas e também o inglês, que é sua língua materna, estava muito restrito na primeira instituição escolhida. "Pensamos muito e pesquisamos outras escolas. Também íamos precisar colocá-la em período integral. Antes das férias de julho começamos a adaptação. Ela está muito feliz", diz a mãe.

Já Maria Fernanda mudou por opção dos pais, que estavam insatisfeitos com a falta de for­­mação religiosa na escola an­­terior, conta a mãe Ana Paula Ramos Bacellar. "Mesmo existindo o receio da nova escola, ela é sociável e saberá se adequar", diz. Para Gabriel Strauhs, a troca foi inevitável. Sua mãe, Taciana Strauhs, conta que mudou recentemente do bairro Portão para o Abranches. "Não existe nem transporte escolar que faz esta rota. Seria muito desgaste pra gente cruzar a cidade todos os dias. Mas ele está animado para voltar às aulas na semana que vem", diz.

Casos extremos

De acordo com três escolas pesquisadas em Curitiba – Nossa Senhora do Sion, Positivo e Nova Geração – as mudanças no meio do ano são mais comuns por troca de residência ou em casos extremos de falta de adaptação. De acordo com a coordenadora pedagógica do Sion, Juliana Boff, antes da mudança a escola entrevista os pais e faz uma avaliação com a criança ou adolescente. "Depois dessa análise, procuramos agir de acordo com a necessidade do aluno", diz.

A pedagoga e psicopedagoga Aluá Bianchi, coordenadora da Escola Nova Geração, ressalta que as famílias não devem ter medo de mudar, caso seja mesmo necessário. "Toda mudança gera um desconforto e muitas podem deixar as crianças inseguras, pois se torna um constante recomeçar", diz. A orientadora educacional do Colégio Positivo, Débora Regina Dias Creti, diz que antes da mudança, as famílias devem buscar ajuda da escola. "Trocar de escola não é igual trocar de roupa. Muitas vezes o aluno só vai carregar o problema para outro lugar, sem resolvê-lo", diz.

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