A chegada das férias escolares aumenta a oferta por cursos intensivos de línguas, principalmente porque muitos estudantes aproveitam o tempo livre para se dedicar ao aprendizado de um novo idioma. Mas para que os cursos apresentem os resultados esperados, além de dedicar várias horas do dia para as aulas, é preciso reservar um tempo para a realização das tarefas em casa. Por exigir tanto do aluno, especialistas recomendam que os pais avaliem o grau de maturidade e o interesse da criança antes de fazer a matrícula.
Como funciona?
Os cursos intensivos geralmente são realizados em um mês com aulas de quatro a cinco dias por semana e duração de três a quatro horas. O diretor de operações do Centro Europeu, Ronaldo Cavalheri, explica que, em um mês, o aluno consegue cursar um módulo que, no curso regular, leva quatro meses para ser concluído. O mesmo ocorre no Centro de Línguas e Interculturalidade (Celin) da Universidade Federal do Paraná (UFPR). O vice-diretor do Celin e professor de língua latina, Guilherme Gontijo Flores, completa. "É um processo de imersão na língua, mas só isso não basta, é fundamental reservar um tempo para estudar em casa", destaca Gontijo.
Vantagens
Cavalheri ressalta que muitas pessoas se interessam pelos intensivos quando surge uma viagem de última hora. "Muita gente opta pelos cursos intensivos para poder viajar com uma boa base de conhecimento sobre o idioma do país de destino", diz. Para Gontijo, os alunos ganham tempo cursando os intensivos e ainda economizam, já que o curso regular fica mais caro que os realizados em um mês, sendo que ambos apresentam os mesmos conteúdos.
Desvantagens
Por exigir horas de dedicação do aluno dentro da sala de aula e em casa, o curso intensivo de línguas pode ser tornar exaustante. Para a psicopedagoga da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Evelise Portilho, a atividade desenvolvida nas férias precisa ser prazerosa. "O período de férias deve ser respeitado, mas pode ser aproveitado de várias maneiras, até com atividades sistemáticas", diz Evelise. Mas para a professora, se o aluno não tem interesse em aprender outra língua, pode ser criado um "vínculo negativo com a aprendizagem", ou seja, a atividade se torna uma forma desestimulante de ensino.
Quem deve fazer?
Evelise não recomenda a prática para crianças. "É preciso haver sentido no curso intensivo. Para que o aluno dedique tanto tempo ao idioma, ele precisa ter noção de que aquilo é importante", argumenta Evelise. Por isso, a psicopedagoga acredita que a criança só deve realizar um curso intensivo caso demonstre real interesse em passar várias horas do período de descanso nas aulas. Ela considera que os pais percebem se há este interesse em conversas com o filho. Já no caso dos adultos, há uma maturidade que permite que eles vejam sentido em passar várias horas do dia estudando uma língua. Por esse motivo, o Centro Europeu só oferece os cursos intensivos para maiores de 15 anos, segundo Cavalheri.
Metodologia
Atrair a atenção da criança, do jovem ou mesmo do adulto por mais de quatro horas diárias de aula exige que sejam utilizadas diferentes estratégias de ensino."É preciso diversificar, realizar atividades de conversação, pesquisas dentro e fora da sala", destaca. Cavalheri ressalta esta condição. "Alguns são mais visuais, outros auditivos, precisamos trabalhar de maneiras diferentes para atingirmos a todos", conta.