No meio do Vale do Silício, em um antigo prédio da IBM, a BASIS Independent Silicon Valley, tem atraído filhos dos executivos da área de tecnologia, mesmo que isso signifique um gasto anual de US$ 28 mil (algo em torno de R$110 mil), no ensino fundamental e médio.
Tudo porque o modelo da BASIS Independent foi desenvolvido ao longo de 20 anos, desde a inauguração da primeira escola, em 1998, em Tucson, Arizona, pelo casal Michael e Olga Block, ambos acadêmicos nas áreas de educação e economia.
Michael e Olga perceberam, há 20 anos, que estudantes dos ensinos fundamental e médio de outros países não eram apenas mais preparados que seus colegas americanos; eles simplesmente eram melhores estudantes. E entenderam que uma maneira de incrementar a preparação dos alunos americanos era desafiando-os.
Nos Estados Unidos, o ensino médio em escolas privadas pode variar entre US$ 6 mil e US$ 10 mil anuais. Segundo a National Catholic Education Association, o custo médio em uma instituição religiosa era, em 2016, de US$ 9.622. Já de acordo com informações da National Association of Independent Schools, em alguns casos o valor anual para um estudante do ensino médio em uma escola particular pode ultrapassar US$ 22,7 mil.
De Shakespeare à Teoria dos Autômatos
Uma das bases do modelo é priorizar a contratação de professores especializados com experiência no mercado de trabalho que estão relacionadas às matérias que lecionam.
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"Essa experiência permite que os alunos façam cursos exclusivos que poucos programas oferecem", explica Toby Walker, diretor da BASIS no Vale do Silício.
"A amplitude do currículo BASIS é surpreendente. De Oceanografia a Shakespeare, da Teoria de Autômatos à Filosofia Francesa, oferecemos professores, aulas e uma cultura escolar que prepara os alunos para uma vida de curiosidade intelectual", reforça.
O currículo da escola se baseia em quatro disciplinas básicas: ciência, tecnologia, engenharia e matemática, ou STEM (Science, Technology, Engineering and Mathematics, em inglês). O currículo oferece ainda aulas de lógica, economia, artes plásticas, música, teatro, engenharia e história mundial.
Expansão
A unidade no Vale do Silício compreende o middle school, o equivalente à segunda metade do ensino fundamental no Brasil – entre os 5º e 9º anos – e o high school, similar ao nosso ensino médio. Mas em outras localidades dos EUA, como em Manhattan, Nova York, a instituição já oferece até jardim de infância.
“O sucesso dos estudantes da BASIS não é medido apenas por notas altas em exames. Ensinamos nossos alunos a pensar maior, a respeitar a aquisição do conhecimento não como um meio para um objetivo de curto prazo, mas como um modo de se relacionar a longo prazo com o mundo. Eles se tornam pensadores críticos capazes de aplicar conhecimentos e habilidades para problemas da vida real”, diz Walker.
Em um exemplo prático do que é a realidade do programa na BASIS Independent no Vale do Silício, os alunos do ensino fundamental já encaram o conteúdo de matemática normalmente trabalhado no ensino médio. E a partir do 6º ano, começam a ter aulas separadas de física, química e biologia - no Brasil as duas primeiras disciplinas, por exemplo, entram nos currículos normalmente a partir do 9º ano.
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Na BASIS, todo aluno faz pelo menos seis cursos de Advanced Placement, programações cujo objetivo é preparar o estudante para os exames das universidades norte-americanas, e que acontecem como uma alternativa ao ensino médio tradicional.
Além disso, os estudantes concluem todos os requisitos para a graduação um ano antes do habitual, assim o último ano e é dedicado a aulas preparatórias, ou disciplinas eletivas e pesquisas independentes.
Para a instituição, os resultados são claros: “eles se sobressaem não apenas no que aprenderam, mas em como eles o aplicam”, defende Walker. “É esse alicerce de excelência que permite aos alunos conquistarem bom desempenho em exames e desenvolver projetos únicos e inspiradores, levá-los para as universidades, e então para o mundo profissional”, complementa.
Tecnologia com moderação
Ao contrário do que pode parecer, uma sala de aula da unidade BASIS no Vale do Silício não é ocupada por alunos que não desgrudam de smartphones e tablets: a escola usa menos tecnologia do que se imaginaria de uma instituição de ensino no coração do polo tecnológico mais famoso do mundo. E que os celulares e notebooks nas salas de aula não são necessariamente elementos predominantes.
“Uma classe avançada de Circuitos Analógicos ou um curso que envolva modelagem matemática precisa de tecnologia de ponta. Um curso em Literatura Pós-Colonial não – pelo menos não da mesma maneira. Naturalmente, a tecnologia mais importante em qualquer sala de aula é o capital intelectual do professor”, avalia.
“A tecnologia é de importância vital no mundo de hoje, e embora possa ser encontrada em muitas salas de aula, deve ser usada apropriadamente”, conclui Walker.
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