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Imagem: Reprodução Pixabay.
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A diversidade é um dos tópicos mais controversos da nossa era. Estranhamente, num momento em que vemos um aumento na diversidade no corpo estudantil e docente, também há uma tendência preocupante à intolerância diante de pontos de vista alternativos. O fato de um corpo docente diversificado ser desejável não está em discussão, mas sim o preço que as universidades estão dispostas a pagar por isso. Elas deveriam formar pensadores críticos, em vez de convertidos a uma causa.

Alguns anos atrás, um dos meus alunos fez uma pergunta instigante. O número de professores negros e do sexo feminino na faculdade era muito baixo, e a instituição estava buscando um novo chefe de departamento. Ela me perguntou se a faculdade deveria contratar uma mulher afro-americana para o cargo, sendo que essa mulher, embora fosse qualificada, talvez não fosse a candidata mais qualificada, com base em métricas objetivas.

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Para responder à pergunta, pedi aos demais alunos da classe que assumissem que essa candidata – representante da minoria – fosse, de fato, a mais bem classificada entre todos os candidatos para o cargo e, em seguida, quis saber quantos alunos apoiariam sua contratação. Cem por cento dos alunos concordou que ela deveria ser contratada. Perguntei então quantos alunos apoiariam sua contratação se ela fosse objetivamente a segunda melhor candidata. O índice de apoio caiu para 85%. A mesma pergunta foi feita outra vez, mas eles deveriam assumir que aquela candidata era a terceira, quarta e, finalmente, a quinta melhor entre todos os candidatos. O apoio dos alunos caiu para 65%, 35% e 10%, respectivamente.

Este experimento revelou que, conforme o preço da diversidade (medido em termos de qualificações objetivas dispensadas) aumentou, a porcentagem de alunos que apoiam a contratação de diversidade diminuiu. A maioria dos alunos estava disposto a pagar o preço da diversidade quando a candidata da minoria estava entre os três candidatos mais qualificados, mas o apoio diminuiu acentuadamente depois disso. Os alunos claramente valorizavam a diversidade, mas havia limites para o preço que eles estavam dispostos a pagar por ela.

Poderíamos perguntar o que aconteceria seis anos mais tarde, quando é tomada a decisão de contratação permanente para o departamento. Será que a universidade estaria disposta a cortar os laços com a docente pertencente à minoria se critérios objetivos (publicações, avaliações de ensino, cartas de recomendação e assim por diante) não justificassem sua titularidade na cadeira? Considerando que um professor assistente tem muitos incentivos para manter uma alta produtividade durante o período probatório de seis anos, seria imprudente conceder um cargo de titular com base em uma expectativa de melhora no futuro. As universidades devem ser criteriosas ao fazer contratações que são, a rigor, vitalícias.

Um ótimo exemplo para ilustrar o campo minado da diversidade é o de Larry Summers. Enquanto palestrava em uma conferência acadêmica, o ex-secretário do Tesouro dos Estados Unidos e presidente da Universidade de Harvard parecia frustrado com o baixo número de mulheres entre os professores titulares na faculdade de Ciências Físicas da prestigiosa instituição. Como possível explicação ele conjecturou que poderia haver diferenças inatas entre homens e mulheres para aptidão em matemática. Sua conjectura provocou um alvoroço tão virulento que lhe custou seu cargo em Harvard. A faculdade parece ter acreditado que algumas perguntas são tão ofensivas à civilidade do discurso humano que elas nunca devem ser feitas, muito menos debatidas.

Summers não quis dizer que mulheres não podem ser matemáticas extremamente talentosas; ele simplesmente conjecturou que, em média, a aptidão para a matemática costuma ser menor entre as mulheres. Vale ressaltar que, em 2014, Maryam Mirzakhani, da Universidade de Stanford, foi a primeira mulher a receber a Medalha Fields. Concedida apenas uma vez a cada quatro anos, a Medalha Fields é considerada o Prêmio Nobel da matemática.

No momento, a hipótese de Summers carece de suporte empírico. No entanto, sua conjectura não é absurda em si mesma.

Psicólogos da educação descobriram que indivíduos do sexo masculino e feminino não aprendem necessariamente da mesma forma, o que desencadeou experiências com escolas e salas de aula divididas por gênero. Portanto, não é inconcebível que os pontos fortes de homens e mulheres possam ser diferentes em disciplinas acadêmicas distintas. Repudiar essa possibilidade é algo contrário à finalidade acadêmica, e não atende aos interesses dos alunos – os consumidores do ensino superior.

É comum que o departamento de diversidade e ação afirmativa de uma universidade convoque reuniões com os departamentos acadêmicos no início do processo de contratação de um professor, especialmente quando a representatividade das minorias está abaixo da meta. Tal meta não costuma variar muito entre as disciplinas, e os departamentos geralmente têm a prerrogativa de contratar um candidato qualificado de uma minoria em vez de alguém mais qualificado, caso não faça parte de um grupo considerado minoritário.

Do ponto de vista da eficiência a curto prazo, se a conjectura de Summers fosse considerada válida, poderia haver alguma lógica por trás dos diferentes níveis de representatividade das minorias em distintos departamentos. Mais professoras deveriam ser recrutadas nas disciplinas em que elas são mais fortes, e o mesmo deveria ser feito para os homens.

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A longo prazo, no entanto, a resposta pode ser completamente outra, especialmente se diferenças de gênero não são inatas. Por exemplo, a sub-representação das minorias nas Ciências Físicas, e a correspondente falta de pessoas que inspirem os alunos de minorias, pode explicar por que um número menor deles escolhe essas disciplinas. Podemos ter menos representantes de minorias dando aulas nas Ciências Físicas porque temos menos desses representantes formados nas respectivas áreas, o que invariavelmente diminui o número de candidatos pertencentes a esses grupos. Iniciativas para empregar um número bem maior de professores oriundos de grupos minoritários podem ser necessárias por determinado período, com o intuito de estimular uma mudança.

Diversidade de ideias

A universidade deve promover a diversidade de ideias, incluindo aquelas que representam a maioria da população e aquelas que desafiam a sabedoria convencional. Em vez de aprenderem o que pensar, os alunos devem aprender como pensar, porque doutrinação é o oposto de ensino eficaz. A realidade é que muitos professores formam convertidos para suas causas, em vez de desenvolver pensadores críticos.

A esmagadora maioria dos professores se identifica como politicamente progressista. Isso pode ser um problema grave se o professor não estiver disposto a deixar suas opiniões fora da sala de aula. Costumo fazer perguntas aos meus alunos no primeiro dia de aula, procurando determinar se eles já se sentiram intimidados em discussões em classe ou pressionados a responder a questões em provas de maneira a aplacar as inclinações políticas ou sociais de seus professores. Aproximadamente 85% dos meus alunos responderam a essa pergunta de forma afirmativa. Sites de classificação de professores confirmam que esse não é um problema isolado.

Lamentavelmente, o esforço concentrado nos campi universitários para aumentar a diversidade do corpo docente não tem incentivado uma diversidade de ideias, mas justamente o contrário disso. Isso não quer dizer que, como política, o aumento da diversidade do corpo docente seja algo equivocado, mas apenas que o preço da contratação de minorias qualificadas em vez de não minorias mais qualificadas talvez seja maior do que se pensava.

Se uma cadeira de titular é oferecida com o argumento de que o professor deve ser capaz de expressar seus pontos de vista com impunidade, por que os alunos não teriam direito à mesma liberdade de pensamento? Citando o risco de violência, gestores universitários proíbem certos palestrantes de falar no campus por serem considerados demasiado polêmicos. Embora não sejam de todo absurdas, essas preocupações nada mais são que tentativas veladas de restringir a liberdade de expressão. Os professores devem incentivar os alunos a debater pontos de vista alternativos, porque a diversidade de pensamento oxigena a aprendizagem.

A aprendizagem é um processo de destruição criativa, em que ideias novas estão constantemente desafiando e deslocando as antigas. John Maynard Keynes descreveu isso como “uma luta para escapar dos modos habituais de pensamento e expressão”, porque “a dificuldade não está nas novas ideias, mas no ato de se desvencilhar das antigas”. A dúvida perturbadora – aquela que não deveríamos ter – é se o professor é amigo ou inimigo nesta luta.

A política de diversidade em campi universitários levanta muitas questões difíceis e controversas. O custo da admissão ou contratação de um candidato – de grupos minoritários – menos qualificado pode ser a rejeição de um mais qualificado. Em suma, podemos estipular que tais decisões devem ser tomadas com base em uma avaliação objetiva dos custos e benefícios, mas “objetividade” em tais iniciativas costuma ser um termo evasivo.

Existe hoje nos campi universitários uma tendência a sacrificar perguntas difíceis no altar do politicamente correto. A renúncia ao método socrático e a excessiva preocupação com pronomes neutros, microagressões e espaços seguros não são benignas. A universidade deveria ser um lugar sagrado, onde nenhuma pergunta, independentemente do seu potencial de ofender, pudesse ser censurada.

A carreira acadêmica não deveria ser a área de atuação dos tímidos, já que desbravar as fronteiras do conhecimento consiste em uma disputa de ideias. Em 1837, Ralph Waldo Emerson ressaltou esse tema em um discurso para a Phi Beta Kappa Society da Harvard College, intitulado O acadêmico norte-americano: “Jovens dóceis crescem em bibliotecas, acreditando que é seu dever aceitar os pontos de vista de Cícero, Locke e Bacon, e se esquecem que Cícero, Locke e Bacon eram apenas jovens em bibliotecas quando escreveram seus livros”.

Nós, acadêmicos, devemos nos perguntar: tendo se desviado tanto do nobre caminho da investigação intelectual desapaixonada, saberão as nossas outrora reverenciadas instituições encontrar o caminho de volta?

Dennis L. Weisman é professor emérito de Economia na Universidade Estadual do Kansas. Suas principais áreas de pesquisa são comportamento estratégico, regulamentação governamental e políticas públicas. Ele é autor ou coautor de mais de 120 artigos, livros e capítulos de livros.

Tradução de Ana Peregrino.

©2019 Public Discourse. Publicado com permissão. Original em inglês.

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