O total de estudantes das classes D e E em universidades federais brasileiras aumentou entre 2010 e 2014, segundo pesquisa feita pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes). O trabalho indica que dois terços dos alunos (66,19%) vêm de famílias cuja renda não ultrapassa 1,5 salário mínimo per capita (R$ 1.320). Em 2010, eram 44%.
Quando se analisa os dados brutos de renda, a tendência se repete. O porcentual de estudantes nas universidades federais brasileiras com renda familiar bruta de até três salários mínimos (R$ 2.640) saltou de 40,66% para 51,43%. Já a participação de estudantes de famílias cuja renda bruta está entre nove e dez salários mínimos (R$ 7.920 a R$ 8.800) caiu no mesmo período de 6,57% para 2,96%. Os alunos de famílias com renda bruta acima de dez salários mínimos também estão agora em menor porcentual. Em 2010, eles representavam 16,72% dos estudantes nas federais. Agora, são 10,6%.
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Além da maior presença de estudantes de classes econômicas menos privilegiadas, o estudo identificou um aumento da participação de alunos autodeclarados pretos e pardos. Eles representam 47,57% dos entrevistados. Em 1997, 2,2% dos pardos e 1,8% dos negros entre 18 e 24 anos cursavam ou já haviam concluído um curso de graduação no País.
“O mito de que a universidade federal é para elite está sendo destruído”, resumiu a presidente da Andifes, Ângela Paiva Cruz, ao anunciar os dados. Para ela, a pesquisa deixa claro que a universidade está mais acessível e inclusiva. “Para se ter uma ideia, 65,34% dos alunos têm uma formação superior a que é apresentada por suas mães”, completa.
Embora os números apontados sejam animadores, afirma Ângela, há muito mais a ser feito. O Brasil está longe da meta de ter 34% dos jovens no ensino superior. Atualmente, 17% dessa população está na faculdade. “Uma educação elitista é aquela em que apenas 15% dos jovens cursam ensino superior. Estamos pouco acima disso”, afirmou o vice-presidente da Andifes, Orlando Amaral.
Ângela disse ser necessário o reforço de políticas para dar continuidade à democratização do acesso e, sobretudo, garantias de assistência aos estudantes.
Emprego
O trabalho mostra, por exemplo, que 35,9% dos estudantes têm uma jornada de trabalho de 20 horas semanais. Dos entrevistados, 45,72% disseram não ter mais do que cinco horas extras para estudo e 42% avaliaram que a dificuldade financeira atrapalha o desempenho acadêmico.
Para o pagamento das bolsas de auxílio aos alunos, as universidades recebem recursos do governo federal pelo Plano Nacional de Assistência Estudantil (PNAES). Neste ano, porém, os orçamentos previstos atrasaram em diversas universidades. A Unifesp, por exemplo, recebeu até agora apenas 80% do recurso. Além das bolsas, o recurso também serve para subsidiar os restaurantes universitários e outros auxílios.
A presidente da Andifes afirma haver um “temor” entre dirigentes das instituições federais de um retrocesso, sobretudo em virtude da crise econômica.
O Ministério da Educação (MEC) informou que, para o próximo ano, a previsão orçamentária para o PNAES deve ser de R$ 991,45 milhões - 1,5% maior do que neste ano. Disse ainda atender 15 mil estudantes em todo o País com uma bolsa de R$ 400 - ou R$ 900 para indígenas e quilombolas.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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