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Primeiro vestibular, primeiro filho, duas expectativas marcadas para o mesmo dia: domingo, primeira fase do vestibular da Universidade Federal do Paraná (UFPR). A candidata a uma vaga no curso de Terapia Ocupacional, Ana Tereza Campos Rosa, de 18 anos, vive dois momentos únicos: o sonho de entrar em uma faculdade e a experiência de dar à luz o pequeno Pedro, cujo nascimento está previsto justamente para o dia da prova, 20 de novembro. A UFPR está de sobreaviso e, por medida de segurança, a estudante fará as provas no Hospital de Clínicas (HC) em Banca Especial.

Ana Tereza garante que, em geral, está muito tranqüila e que uma situação não vai influenciar na outra. "Me perguntam se eu estou nervosa, se não tenho medo de passar mal, de ter o bebê dentro da sala. Eu digo que não, estou bem calma, isso não passa pela minha cabeça. Estou mais preocupada com o vestibular, porque o bebê vai vir de qualquer jeito. Na verdade eu estou mais apreensiva de não passar agora por ter estudado o ano inteiro", afirma a estudante.

Quando começou a freqüentar as aulas do cursinho, em fevereiro, Ana Tereza ainda não sabia que estava grávida. A confirmação chegou cerca de três meses depois. Mesmo com a notícia, a estudante não cogitou adiar os planos de cursar uma faculdade e seguiu em frente com os estudos e a gravidez. "Eu já tinha estudado tanto, não quis deixar de prestar o vestibular por causa disso. Eu prefiro correr o risco e fazer agora. O principal é entrar na universidade, aí depois eu vejo como serão as coisas", avalia a estudante.

Após descobrir que estava esperando um filho, outra surpresa. No dia da ecografia, veio a informação de que o parto estava com data prevista para o dia do vestibular. "Eu fiquei desesperada porque deu bem certinho. Eu disse: não, não é possível. Mas eu sempre converso com o bebê e pergunto a ele quando vai querer nascer. Sempre peço que nasça depois do dia 20", conta.

Durante todo o ano, Ana Tereza freqüentou as aulas do cursinho normalmente. Ela conta que apenas nestas últimas semanas que antecedem o concurso achou melhor estudar em casa, no bairro Cajuru, em Curitiba. "No super intensivo eu não estou indo, porque lá a gente fica muito tempo sentada e a mãe também fica preocupada", diz. A vestibulanda retornará para a sala de aula do cursinho neste sábado, último dia de revisão antes do grande dia.

Futuro

O curso escolhido pela candidata é de tempo integral, assim como a "profissão de mãe". Apesar de dizer que está mais preocupada com o presente, Ana Tereza revela que chegou sim a pensar em como será a vida de mãe do Pedro, com ou sem aprovação. "Se não passar vai ser bom porque eu ficaria com o bebê seis meses certinho, aí faria cursinho na outra metade do ano e vestibular no fim. Se eu passar vou ficar com ele até quando começarem as aulas. Aí ou ele ficará com minha mãe ou em um berçário. Mas também vou pedir a compreensão dos professores para poder ir em apenas um dos horários", diz.

Avaliação médica

A obstetra Cristiane Barbieri, que acompanha a gravidez de Ana Tereza, conta que a estudante está propensa a entrar em trabalho de parto desde esta sexta-feira. Segundo Cristiane, a gestante está em ótimas condições de saúde e deve passar muito bem pelas provas no domingo. "A gravidez aumenta a saúde da mãe. Acho bem bacana a disposição que ela tem. Ela é uma das melhores grávidas que atendo e essas coisas os bebês entendem", avalia. Ana Tereza teve a última consulta nesta quinta-feira e um novo encontro com Cristiane deve acontecer no dia seguinte ao vestibular. "Nós temos uma consulta na segunda-feira", conclui a médica.

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