Fim do ano letivo. Chega a hora de receber o temido boletim escolar. Para aqueles que não obtiveram o resultado esperado, ter de repetir o ano, às vezes, pode ser um grande castigo. Mas a reprovação é o resultado de um ano inteiro. "Não adianta tentar recuperar tudo no último bimestre. O aluno tem de estar ciente da sua situação ao longo do ano", explica Ruth Mara Trentin, diretora da Escola Estadual Dom Pedro II. O colégio tem um dos menores índices de reprovação no estado, mas isso não evita que alguns alunos entrem em férias sabendo que voltarão para a mesma série no ano seguinte.
"Até tentei me esforçar no fim do ano, mas não deu", conta Gabriel, de 14 anos, que refez este ano a 7ª série no Dom Pedro II enquanto sua turma foi para a 8ª série. Ele admite que a falta de vontade em 2007 foi a causadora da reprovação em quase todas as matérias. "Faltou mais empenho", completa. Não se trata de uma situação isolada, já que 30% dos jovens paranaenses estão fora do período normal. Outros exemplos são Felipe e Carlos, de 16 e 13 anos, também da Escola Dom Pedro II. "Ia deixando para estudar depois e acabava não fazendo", explica Felipe, que já teve de repetir a 7ª e a 8ª séries.
Novos hábitos
O que fazer quando o aluno parece não se importar com o resultado dos estudos? Segundo a orientadora educacional Giselle Maravalhas, do Colégio Stella Maris, o importante é identificar o motivo e, no ano seguinte, fazer as mudanças necessárias nos hábitos de estudo desde o começo das aulas. O acompanhamento dos alunos é trabalho para o ano todo. "O pai não pode punir tirando o presente de Natal e depois continuar fazendo tudo o que o filho quer", explica Giselle.
Segundo Nara Salamunes, diretora do departamento de ensino fundamental da Secretaria Municipal da Educação, os pais devem apoiar os filhos nas tarefas e nas responsabilidades acadêmicas que devem fazer em casa e exigir da escola o atendimento necessário.
Este ano a história tem sido diferente para Carlos, Felipe e Gabriel. Embora as notas ainda não estejam fechadas, os três meninos esperam ser aprovados e passar as férias tranqüilos e sem culpa. "Quando eu reprovei, nem queria voltar, queria mudar de escola", conta Carlos. Já Felipe mudou de escola a primeira vez que reprovou, mas na segunda ficou no mesmo lugar enquanto todos os amigos iam para outro colégio cursar o ensino médio. "Chegar e não conhecer ninguém na sala é horrível. O pior é ter de ficar com os mais novos", conta Gabriel.